Bienal não consegue encontrar presidente

Depois da desistência de Matarazzo, instituição vai consultar Ministério Público

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Por Camila Molina
Atualização:

Falta de tempo, em todos os sentidos, se tornou uma expressão-chave para a situação atual da Fundação Bienal de São Paulo. Ontem pela manhã, o secretário de Coordenação das Subprefeituras de São Paulo, Andrea Matarazzo, disse a Julio Landmann, conselheiro da Bienal, que a instituição "necessitava de uma dedicação full time", algo que ele não conseguiria oferecer, e por isso, decidiu não se candidatar ao cargo de presidente executivo da fundação. "Ele já me comunicou logo cedo que por razões pessoais e de agenda política não poderia aceitar o convite, mas, precisamente, porque a Bienal requer uma atenção especial baseada em sua situação anormal", diz Landmann, responsável por convidar Matarazzo - e antes dele, seis pessoas -, a se candidatar ao cargo. O presidente do Conselho de Administração da Fundação Bienal de São Paulo, Miguel Alves Pereira, e também o atual presidente executivo da instituição, Manoel Pires da Costa, conversaram ontem dom Matarazzo. O mandato de Pires da Costa (sua primeira gestão foi iniciada em 2002) terminou, oficialmente, pelo estatuto da Bienal de São Paulo, em 6 de fevereiro de 2009, mas até que se coloque um novo presidente ele está ainda à frente da instituição. Ontem, a auditora Deloitte Touche Tohmatsu entregaria à fundação o relatório final sobre o balanço das contas de 2008 da instituição - uma minuta foi entregue em 8 de abril, mas o conselho fiscal pediu revisão e notas explicativas. Espera-se, portanto, que as contas de 2008 sejam aprovadas para que, a partir disso, se faça uma reunião do conselho para eleição do presidente. O problema é que até agora não há um voluntário oficial para o cargo de presidente . "Há outra pessoa interessada, mas não posso divulgar", diz Landmann. "Temos apenas duas ou três semanas para ir atrás", continua. Dada a situação, inconcreta, Landmann sugeriu a Miguel Pereira que faça uma consulta técnica à curadoria de fundações do Ministério Público para ver o que se faz nesse momento em que a instituição está "acéfala". "A situação da Bienal só piora", afirma Pereira. "A única saída ao alcance legal seria eu assumir a presidência executiva, mas nem quero ter essa experiência." Além do problema da falta de candidatos, outro mais imediato é a representação nacional do Brasil na 53ª Bienal de Veneza (com os artistas Delson Uchôa e Luiz Braga, escolhidos pelo curador Ivo Mesquita), que será inaugurada em 7 de junho. O orçamento total da representação nacional em Veneza é de R$ 320 mil, mas só parte disso foi conseguido. "Seria um papelão o Brasil não participar", diz Landmann.

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