Best-seller, 1808 vai ter continuação

Laurentino Gomes espera lançar em dois anos livro que vai tratar desde a Independência de 1822 até a abdicação de d. Pedro I

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Por Ubiratan Brasil
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O sucesso de 1808 já chegou a Portugal, onde foram vendidos 50 mil exemplares. Incentivou também uma versão juvenil e o lançamento de um DVD. Sobre esse desejo popular por fatos históricos, Laurentino Gomes falou ao Estado. Como avalia a recepção do livro? O 1808 obteve uma repercussão muito maior do que eu poderia imaginar. No último ano, estive em meia centena de cidades e fiz mais de 200 palestras, aulas e sessões de bate-papo com os leitores. As reações ao livro que observei foram surpreendentes. Inúmeras pessoas, de todas as idades e classes sociais, me pediam sugestões de outras leituras sobre história do Brasil. Tal interesse surgiu a partir da publicação de obras escritas com uma linguagem mais acessível e com fatos mais evidentes? A linguagem acessível, em tom jornalístico, ajuda, mas acredito que haja razões mais profundas para esse crescente interesse pela história brasileira. Aparentemente, o Brasil atual se tornou um país tão complicado de entender que as pessoas estão voltando ao passado em busca de explicações para o presente. E a história serve para isso mesmo. Acho que, depois do fim do regime militar e da redemocratização, se alimentou a ilusão de que era muito fácil resolver os problemas brasileiros. Bastava eleger um presidente populista e messiânico, fazer uma constituinte e um pacote econômico, editar algumas medidas provisórias - e tudo se resolveria muito rapidamente. Infelizmente, não é assim que a coisa funciona. Hoje, as pessoas estão assustadas com a persistência da corrupção, da criminalidade e dos maus hábitos na administração pública, entre outros problemas. Democracia e reforma das leis são importantes, mas ninguém consegue tornar o Brasil num país de primeiro mundo em tempo tão curto. Nossos problemas têm raízes profundas, que às vezes remontam a 200 ou 300 anos atrás. Isso não significa que o Brasil seja um país eternamente condenado à corrupção ou a repetir os vícios do passado. Um país pode evoluir e melhorar, mas antes é preciso entender a origem desses problemas. A história ajuda a explicar essa dimensão de longo prazo e a buscar soluções menos improvisadas. Uma sociedade que não estuda história não consegue entender a si própria. Por que o lançamento de uma edição juvenil? A edição juvenil nasceu de uma demanda dos pais e professores. Todos me diziam que a versão adulta, apesar da linguagem acessível, assustava os estudantes adolescentes com suas 418 páginas. Essa é uma geração que não está habituada a ler livros tão longos. Por isso, decidi fazer uma versão compacta e mais lúdica, com 146 páginas, ilustrada com aquarelas da artista plástica gaúcha Rita Bromberg Brugger, mas sem perder a substância do conteúdo. Qual seu próximo projeto? Sou fascinado pela história do Brasil. Por essa razão, meses depois de lançar o 1808 tomei uma das decisões mais drásticas da minha vida: deixei a Editora Abril, empresa em que trabalhei por mais de 22 anos e onde ocupava um cargo importante, de diretor-superintendente, só para me dedicar aos livros de história. Tenho especial interesse pelo período que vai da Inconfidência Mineira à Independência do Brasil. São quatro décadas muito transformadoras, que ajudam a explicar o Brasil de hoje. Meu próximo livro será sobre a Independência. Pretendo retomar de onde terminei o 1808. Vou mostrar que país era este que d. João VI deixava para trás, transformado pelos 13 anos de permanência da corte portuguesa no Rio, como foi a Independência, os tumultos do Primeiro Reinado, até a abdicação de d. Pedro I em 1831. Espero lançá-lo dentro de dois anos.

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