Bayreuth começa em meio a briga por sucessão

PUBLICIDADE

Por Marcio Damasceno
Atualização:

Quando as cortinas se abrirem para a nova versão de Os Mestres Cantores de Nuremberg, que inaugura hoje a 96ª edição do Festival de Bayreuth, o mundo da música erudita estará com a atenção voltada para a pacata cidade de 10 mil habitantes no sul da Alemanha. Na direção da montagem está nada menos que a bisneta do autor da obra, Richard Wagner. Katharina, de 29 anos, filha mais nova de Wolfgang Wagner, chefe do evento, comanda montagem pela primeira vez no teatro sagrado do compositor, depois de ter acumulado poucos anos de experiência. Caso o espetáculo agrade, Katharina terá dado um passo decisivo para vencer a batalha familiar pela sucessão de um dos mais tradicionais eventos eruditos do planeta. Além dela, outras duas integrantes do clã Wagner competem pela chefia do festival. Katharina é a favorita de Wolfgang. O patriarca, de quase 88 anos, está desde 1967 no comando da maratona anual de 30 noites de óperas wagnerianas. Entretanto, o estado de saúde do neto do gênio Richard Wagner não é das melhores. A reunião para decidir a sucessão será no fim do ano. Disputando o páreo, está Eva Wagner-Pasquier, de 62 anos, filha do primeiro casamento de Wolfgang. Tarimbada gerenciadora cultural e atual diretora do Festival Aix-en-Provence, ela tem bons serviços comprovados em grandes casas, mas ela não se dá bem com o pai. Seis anos atrás, Eva chegou a ser eleita nova chefe do festival pelo conselho da fundação que administra Bayreuth. Mas Wolfgang se recusou a deixar o posto. A terceira candidata é Nike Wagner, também com de 62 anos, sobrinha de Wolfgang e atual diretora do Festival de Arte Pèlerinage, em Weimar. Como todos os anos, a abertura da maratona wagneriana é precedida por um desfile de celebridades. Entre os convidados ilustres estão a chanceler Angela Merkel, além de chefes de Estado e artistas alemães. As cinco horas do espetáculo de abertura darão a público e crítica tempo suficiente para refletir sobre a capacidade da mais jovem candidata à chefia do festival. Katharina, entretanto, lembra que um sucesso no palco não significa automaticamente um trunfo a seu favor na disputa pela sucessão. ''''Um bom diretor não é necessariamente um bom administrador de festivais'''', acrescenta.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.