PUBLICIDADE

''Banalizou-se um movimento genuíno; objetivo não era ser pop''

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O movimento teatral na Praça Roosevelt começou a se desenhar em 1997, quando a atriz Dulce Muniz, em parceria com Dema de Francisco e Roberto Asca, ocupou uma das salas do antigo Cine Arte Bijou, que reabriu como Teatro Studio 184. A outra sala hoje abriga o Teatro do Ator. Depois vieram os Satyros e o Teatro X, que ocupou as instalações da antiga boate Cais, hoje Espaço dos Satyros 2. Dulce foi parceira desde o primeiro momento dos Satyros. Juntos, lutaram por melhorias na praça, como a derrubada de muros e mais iluminação. Os Parlapatões vieram um pouco mais tarde e o amplo bar de sua sede logo se tornou ponto de encontro de artistas, o que já acontecia no bar do Satyros. Apesar de tal concentração é sobre o dramaturgo Ivam Cabral e o diretor Rodolpho Vázquez, fundadores dos Satyros, que os refletores sempre se voltam quando o assunto é a revitalização da Praça Roosevelt. Numa conversa rápida, Ivam aponta aspectos negativos e positivos de tal exposição. O que há de mito no sucesso dos Satyros na Praça Roosevelt? O grupo já não consegue mais ter apoio do Programa de Fomento, muitos pensam que estamos ganhando dinheiro. Mas manter um núcleo de criação num espaço de 70 lugares e com salários minimamente decentes é impossível sem apoio. Também penso que se banalizou um movimento genuíno. A gente se tornou pop, famoso, e não era essa nossa proposta. Quem é realmente o nosso público, aquele que vem atraído pelo trabalho dos grupos? Por que tal fenômeno ocorreu, a concentração de teatros e público? A gente queria e batalhou por isso. E não foi ação isolada, mas coletiva. Sempre digo que Mário Bortolotto, por exemplo, teve participação importante, porque ele tem público cativo, que foi atraído para cá ao apresentar suas peças no nosso espaço. Quando colocamos mesas na calçada queríamos que o teatro se transformasse num ponto de encontro. Atualmente, a fama da praça atrai muitos públicos porque se transformou num movimento e é natural que as pessoas queiram fazer parte disso. Quanto aos efeitos desse fenômeno sobre a criação dos Satyros, onde tudo isso vai levar, acho que não dá para saber ainda. Será preciso distanciamento histórico para avaliar.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.