B-52''s instala seu brechó dançante: força na peruca

Quem pensou que eles tinham sumido se surpreendeu com o álbum mais dançante dos últimos tempos, Funplex, que mostram hoje em São Paulo

PUBLICIDADE

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Força na peruca! Esse é o lema indestrutível de Kate Pierson e Cindy Sherman, as progenitoras dos cabelões de Amy Winehouse. Kate e Cindy são as frontwomen de coque do decano grupo dance norte-americano B-52?s, que todo mundo achava que estava acabado mas que lançou, no ano passado, o mais irresistível álbum para dançar da temporada, Funplex. Fred Schneider (voz e guitarra) e Keith Strickland (bateria) completam a formação. Pois bem: tudo isso para dizer que o B-52?s trouxe essa turnê ao Brasil. Desembarca hoje em São Paulo, às 22 horas, no Credicard Hall, para animar a festa. A banda que começou há mais de 30 anos depois de um porre num restaurante chinês de Athens, Geórgia, e que trouxe cor e ritmo ao dial das FMs nos anos 1980, faz o melhor ato dance do momento. Já vieram ao Brasil duas vezes, e o povo chamava ladinamente o grupo, nos anos 80, de "Bife com Tutu", como lembra o jornalista Bernardo Araújo (assim como chamavam o Tears for Fears de "Tias Fortinhas"). "Que conselho eu daria a Amy Winehouse?!", espanta-se Kate Pierson, divertida, falando por telefone ao Estado. "Depende do tipo de conselho. Eu poderia apenas dizer: dance e não beba. Ou: mantenha o foco na música e nos amigos reais." Ouça a moça, Amy: Kate tem mais história do que a Hebe. Em 1990, ela trabalhou com Iggy Pop (é dela a voz feminina no corinho de Candy, Candy). Um ano depois, entrou no estúdio com REM e gravou os vocais de Shiny Happy People. Com sua trupe, fez a música e uma ponta no filme Os Flintstones. "O importante numa banda é apoiar uns aos outros. Claro que tivemos desentendimentos nesses anos todos, mas somos amigos antes de tudo. Acho que essa é a nossa diferença", diz Kate, que faz 61 anos no próximo dia 27 e é francamente gay. Ela comentou uma frase do colega Fred Schneider, que analisava a diferença entre seus primeiros hits (canções como Rock Lobster, que fez o grupo explodir em Nova York em 1979) e as pérolas de Funplex. Fred disse: "Estamos mais conscientes da estrutura da canção, em vez de imergir tudo em uma colagem." "Acho que, no passado, a gente tinha estruturas de canções cheias de idiossincrasias, não convencionais. Fazíamos tudo como se fosse uma grande jam. Hoje, trabalhamos melhor as harmonias, cozinhamos mais os ingredientes. Mas os dois jeitos são interessantes. As canções mais antigas foram feitas de um jeito mais espontâneo, isso também tem seu valor." Para Kate, o rótulo de kitsch que os definia nos anos 1980 não faz mais sentido, porque hoje tudo tem um tanto de kitsch. Mas na época, era sinônimo de atitude pouco convencional. "Tiramos nosso visual de filmes engraçados, algo de sci fi, muito cinema B, aqueles cabelos dos anos 60. Era algo que a gente apreciava, a gente celebrava os excessos da América, que tem muito esse lado kitsch." Ela se sentia também à vontade entre o que chamavam de "eletropop" na época. "Não éramos punks, não éramos new wave. Sempre fomos banda dance, uma banda de festa." Funplex, o CD atual, estará no show, mas também todas os sucessos da carreira do grupo. Diversão sem riscos. Ultravioleta na pista.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.