As sedas e os brocados de Maysa

Figurino da minissérie da Globo dá uma aula sobre a moda dos anos 50, 60 e 70

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Por Patricia Villalba
Atualização:

Em apenas nove episódios da minissérie Maysa - Quando Fala o Coração, da Globo, a atriz Larissa Maciel desfilará mais de cem figurinos. A tarefa de contar a vida da cantora - sob o comando das figurinistas Marília Carneiro e Lúcia Dadário - acaba contendo uma aula sobre a moda dos anos 50, 60 e 70, dos vestidos de bolinhas das moças sonhadoras às túnicas de inspiração oriental dos tempos do amor livre. Linda e forte, Maysa não chegou a ser ícone da moda. Da maquiagem, com certeza foi - porque era impossível ver aqueles olhos enormes, marcados, e não querer copiar. Mas ainda que não tenha lançado tendências, a cantora manteve guarda-roupa impecável. "Ela era muito elegante e ligada à moda, sim, mas muito mais clássica do que moderna", explica Marília. "Todo mundo fala sobre a personalidade forte dela, doida, mas, externamente, nas roupas, ela não mostrava essa loucura." Há 35 anos na Globo e notória lançadora de moda em novelas - foi ela que pôs Sônia Braga de sandálias de salto e meias de lurex em Dancin? Days, em 1978 -, Marília teve dois meses para reconstruir Maysa como personagem por meio das roupas. "E o Jayme (Monjardim, o diretor) disse que estava bom demais, acredita?", brinca ela, que conversou com o Estado por telefone na sexta-feira, ao mesmo tempo em que fazia testes no figurino da atriz Flávia Alessandra, para a próxima novela das 7 da emissora, Caras&Bocas. Ela explica que o resultado é uma mistura de pesquisa com, principalmente, o vasto acervo que Jayme Monjardim guardava sobre a mãe. "Normalmente, quando vou começar um trabalho, eu saio para fazer uma pesquisa. Mas, desta vez, o Jayme era a pesquisa em pessoa. Ele me deu fotos, filmes, bilhetes, revistas - estava armadérrimo de material." Assim, a Maysa da TV veste modelos que poderiam ter sido usados pela Maysa de verdade e, também, cópias de peças do guarda-roupa original dela. Uma dessas cópias é um tailleur Chanel preto com debrum branco, que Maysa usa numa cena de viagem de avião, que ainda não foi ao ar. Outra, é um vestido com estampa de zebra, que ela usou numa cena de gravação, no capítulo de quinta-feira. Há também adaptações, como o vestido de cetim curto na frente e comprido atrás, que a cantora usou na entrega de um prêmio, também no capítulo de quinta-feira (veja abaixo o croqui de Adriano Pitangui). "Ela teve um vestido daquele, mas de outra cor. Botei aquela cor (vinho), porque amo e porque combina com o clima da minissérie", justifica Marília. Para ela, as estrelas do figurino são as diversas túnicas que a personagem passa a usar a partir dos anos 70. Quem gosta de moda não vai deixar de reparar no modelo que Maysa veste na cena do show no Olympia de Paris, executada pela grife carioca Corporeum a partir de uma modelagem Dior. Vai ao ar na quarta-feira. Mas em meio aos cento e tantos modelos, o biscoitinho: uma túnica marroquina, bordada a ouro, que foi usada por Maysa no antológico show no Canecão, em 1969. As cenas devem ir ao ar nos capítulos finais, de quinta e sexta-feira. "O Jayme me entregou essa túnica quando as gravações estavam pela metade. O forro estava destruído pelo tempo, mas só tivemos que substituí-lo", detalha Marília. "Eu achava que a Larissa era mais alta que a Maysa ou que a túnica poderia não servir, mas foi como se tivesse sido feita sob medida."

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