Arte e história se unem em mostra de coleção Brasiliana

Prédio na Avenida Paulista vai abrigar permanentemente a exposição

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Por Camila Molina
Atualização:

Um painel com mais de 300 gravuras alemãs coloridas a mão, datadas entre 1820 e 1830 e representando exemplares das flora e fauna brasileiras, recebe os visitantes do Espaço Olavo Setubal, a ser inaugurado no sábado, 13. A monumental e delicada exibição padronizada de obras sobre peixes, plantas, pássaros, flores, cobras e macacos, por exemplo, liga, assim como uma grande escada, os 4.º e 5.º andares do prédio do Itaú Cultural, na Avenida Paulista, local de caráter museográfico e destinado a apresentar, permanentemente, a Coleção Brasiliana do banco Itaú.

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“O desafio é fazer uma exposição com um tipo de arte que tem sido vista sempre como espécie de auxiliar da história”, diz o editor, pesquisador e colecionador Pedro Corrêa do Lago, curador do acervo. Com mais de 5 mil itens, a coleção foi iniciada em 1969 pelo banqueiro Olavo Setubal (morto em 2008) com a compra do óleo sobre tela Povoado Numa Planície Arborizada, paisagem do Nordeste brasileiro pintada pelo holandês Frans Post (1612- 1680). A Brasiliana Itaú, formada principalmente nos últimos 10 anos, destaca visões e documentos sobre o Brasil criados desde o século 16, reunindo, em especial, obras assinadas por artistas como Rugendas, Debret, Eckhout e Chamberlain.

O novo espaço, com expografia toda em branco assinada por Daniela Thomas e Felipe Tassara, abriga agora uma seleção de quase 1 mil peças, entre gravuras, pinturas, livros e obras gráficas, que traça um percurso cronológico de interpretações – e imaginações sobre o Brasil realizadas, majoritariamente, por estrangeiros. A mostra, de caráter artístico e didático, incorpora 395 peças da Coleção Numismática do banco, cuja curadoria é assinada por Vagner Porto. “As moedas são tratadas na exposição como produção artística do Brasil”, explica Corrêa do Lago.

A “história guia a arte”, diz o editor e pesquisador sobre o trajeto que contempla criações realizadas do ano 1500 até o século 20 e organizadas em nove núcleos temáticos. O primeiro deles, O Brasil Desconhecido, traz mapas de quando, na época do Descobrimento, as fronteiras do País ainda nem eram palpáveis e gravuras que destacam a curiosidade que se tinha no exterior acerca de práticas como o canibalismo, relatadas por De Bry em 1592. É apenas o começo de uma mostra repleta de informações (sempre bilíngues, em português e inglês), enriquecidas, ainda, por filmes de animação.

Da primeira sala, segue-se o módulo O Brasil Holandês, “sobre o privilégio de o País ter recebido Mauricio de Nassau”, afirma Corrêa do Lago. O quadro de Frans Post está lá, assim como outros exemplares do período em que holandeses estiveram em Pernambuco. A partir desse segmento, o visitante terá a oportunidade de encontrar preciosidades como O Grande Atlas Blaeu (1667), formado por 12 volumes; obras do álbum da viagem de Spix e Martius retratando, preconceituosamente, índios como representantes da “fauna brasileira”. Ou belos panoramas do Rio de Janeiro, São Paulo e de Belém (esta última, pintada em 1870 por Righini) e edições históricas como a Revista de Antropofagia de 1928.

COLEÇÃO BRASILIANA ITAÚ

Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, metrô Brigadeiro, 2168-1776. 3ª a 6ª, 9h/ 20h; sáb. e dom., 11h/20h. Grátis. Abertura sábado, 14 h. 

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