Arte de Judith Lauand conquista estrangeiros

Tela da artista foi vendida num leilão da Christie’s por US$ 87 mil

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Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
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A autonomia de Judith Lauand, nascida em Pontal em 1922, levou a pintora a ser a primeira mulher a expor junto aos pioneiros artistas concretos, ao se integrar em 1955 ao histórico grupo Ruptura, criado três anos antes por Waldemar Cordeiro, considerado o primeiro núcleo de artistas abstratos do Brasil. Não era uma relação fácil, ela reconhece. “Mas nunca fui discriminada por ser mulher”, garante, observando, porém, que Cordeiro era um tanto centralizador para alguém que cultuava a liberdade como ela. “Nunca fui muito de andar em grupo, não suporto ser controlada.”

Sua independência ideológica a levou a experimentar linguagens novas, saindo com a mesma facilidade que entrou de movimentos como o pop. Para quem admirava o pensamento matemático do construtivista Malevitch, a ordem de Mondrian, o lirismo de Paul Klee e a escala cromática de Albers, essa aventura pop dos anos 1960 parece hoje um tanto curiosa, mas Judith lembra que a fase foi importante também para desenvolver sua paleta, evocando Theo van Doesburg: “Nada é mais concreto que uma cor ou uma superfície”.

Pintora Judith Lauand, de 93 anos Foto: Rafael Arbex / Estadão

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Ela se considera, portanto, uma pintora concreta, como foi concreto seu colega Geraldo de Barros, que também teve seu período pop. E é justamente essa filiação à arte concreta que interessa aos colecionadores estrangeiros, começando pela venezuelana Patricia Cisneros, que comprou obras suas há 20 anos.

Além da colecionadora, instituições internacionais também se interessaram – e compraram – telas da pintora, entre elas o Museu de Grenoble e o MoMA de Nova York. Outros seguem o mesmo o caminho, segundo a marchande da artista, Berenice Arvani, citando a galeria americana Driscoll Babcock e a londrina Stephen Friedman, que promoveu há dois anos a primeira individual de Judith Lauand na Europa, antecipando a White Chapel, que abriu em janeiro deste ano uma retrospectiva com obras dela, de Lygia Clark e dos históricos Mondrian e Theo van Doesburg. O próximo passo será a conquista do Metropolitan de Nova York. É a hora e vez de Judith. 

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