Ao longo de 2.700 km, diversas surpresas no São Francisco

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Por Redação
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Cinco Estados, centenas de cidades e um só fio condutor: o Rio São Francisco. As águas barrentas nascem em Minas Gerais e percorrem 2.700 quilômetros costurando culturas e tradições até desembocar fraquinhas na foz, em Alagoas. Embora seja protagonista no sertão, também sabe a hora de atuar como coadjuvante para manter a identidade dos povoados. Ora pode ser o rio da cidade onde a fé cristã aflora - como em Bom Jesus da Lapa (BA) -, ora o local das monstruosas carrancas. Era onde Lampião se sentia em casa. Às vezes, é só o local para contemplar quietinho os cânions da Represa do Xingó, entre Piranhas (AL) e Canindé do São Francisco (SE), mas serve também de moldura a saltos de bungee jumping em Paulo Afonso (BA). Revela povoados pobres do agreste e exibe belos casarões coloniais em Penedo (AL). E, apesar de ser carinhosamente chamado de Velho, mostra que tem frescor para surpreender quem se aventura a seguir seu curso. Fé move turismo em Bom Jesus Nem cangaço nem passeio de barco. O que move o turismo em Bom Jesus da Lapa, a 777 quilômetros de Salvador, é a fé. Nessa cidade baiana fica uma gruta de mesmo nome, tida como milagrosa. A peregrinação à "Meca dos sertões" começou há cerca de 300 anos e atrai milhares de romeiros, especialmente em agosto, na festa de Bom Jesus da Lapa. Além da caverna onde ocorrem as missas, há outras cinco grutas no interior do Morro da Lapa (93 metros). Cânion navegável em Canindé Na fronteira com Alagoas, a sergipana Canindé do São Francisco é ponto de partida para um dos mais belos cenários do Velho Chico: a Represa do Xingó, localizada no quinto maior cânion navegável do mundo. Em um passeio de catamarã, que dura 3 horas, é difícil não se encantar com o contraste entre o vermelho dos paredões (de 40 a 80 metros de altura) e o verde das águas, especialmente na Gruta do Talhado. O Museu de Arqueologia, com peças de 9 mil anos, é outro atrativo da cidade. Em Penedo, casarões e passeio à foz A cidade é Penedo, mas pode chamá-la de "Ouro Preto do Nordeste". É com essa alcunha que o município, a 157 quilômetros de Maceió, ficou conhecido. Culpa de seu casario colonial e das belas igrejas barrocas, heranças dos colonizadores portugueses, holandeses e de missionários franciscanos que começaram a chegar ali nos séculos 16 e 17. Mas a riqueza arquitetônica, que rendeu à cidade o tombamento como patrimônio histórico, não é seu único atrativo. Ela é porta para os passeios de barco ou de buggy até a foz do Rio São Francisco (a embarcação também sai de Piaçabuçu, a 25 quilômetros dali). Ao longo do rio, a vegetação escura predomina, mas basta chegar à foz para avistar dunas, coqueiros e piscinas naturais formadas pelo encontro das águas. Com um pouco de disposição para enfrentar uma caminhada na areia é possível ir a Pixaim, um vilarejo isolado com pouco mais de 20 casas que, acredita-se, foi uma comunidade quilombola. Queda livre em Paulo Afonso A cidade baiana de Paulo Afonso tem usina, reserva biológica, cânion, teleférico, cachoeira e prainhas. Atrativos que a credenciam como uma das mais importantes regiões do Vale do São Francisco. Para os amantes dos esportes radicais, ela é, antes de tudo, o melhor lugar para se saltar de bungee jumping no Brasil - são 85 metros de vão livre na ponte metálica Dom Pedro II. Para quem não gosta de tanta aventura, apreciar os 80 metros de quedas da cachoeira, observar do teleférico, a 100 metros de altura, a Furna do Morcego, gruta que servia de esconderijo a Lampião, e aproveitar o cânion da Baixa do Chico são diversões suficientes. Piranhas, a cidade do cangaço A 250 quilômetros de Maceió, a pequena e simpática Piranhas ostenta um belo casario colonial distribuído por suas ladeiras e respira a história do cangaço. Não é por acaso: quando os lendários Lampião e Maria Bonita foram mortos na Grota do Angico, em julho de 1938, seus corpos foram levados ao município e suas cabeças acabaram expostas em praça pública. A história dos cangaceiros é contada no Museu do Sertão, que expõe fotos, armas, utensílios e roupas do bando no prédio da antiga estação ferroviária. A cidade é ponto de partida dos passeios de barco para o local da emboscada de Lampião.

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