Anne Hathaway, luminosa com Jonathan Demme

O Casamento de Rachel é a pérola de uma tendência que investiga a família

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Por Redação
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Pode não existir um grande conceito unificando os 456 títulos que compõem a programação da 32ª Mostra, mas você com certeza encontra grupos de filmes unidos por temas, ou preocupações de estilo. Há um certo número de atrações que tratam de relações familiares, e todas elas grandes produtos de cinematografias tão distintas como a norte-americana e a francesa. Basta comparar O Casamento de Rachel, de Jonathan Demme, com Um Conto de Natal, de Arnaud Desplechin, e Horas de Verão, de Olivier Assayas. O Brasil entra nesta tendência com o longa de estréia do ator Selton Mello, Feliz Natal, que também terá exibições neste final de semana. Na aparência, O Casamento de Rachel sugere alguma coisa próxima de Cerimônia de Casamento, que Robert Altman realizou há exatamente 30 anos. No filme de Altman, a matriarca da família morre e o cadáver é trancado no quarto, para não impedir a festiva comemoração no andar de baixo e nos jardins da luxuosa mansão em que se passa a história. Altman, como era seu método, solta a câmera entre diversos personagens. Jonathan Demme também tem vários personagens para investigar em O Casamento de Rachel, mas ele prefere concentrar sua câmera em alguns, e neste sentido ele talvez seja o anti-Altman. Parente é serpente, você sabe (lembre-se de Mario Monicelli). Na abertura de O Casamento de Rachel, Anne Hathaway deixa o instituto psiquiátrico só para assistir ao casamento da irmã. Anne, o espectador fica sabendo, estava drogada quando provocou o acidente que causou a morte de seu irmão. A família não resistiu ao baque. Pai e mãe casaram-se de novo, a irmã - Rachel - é ressentida pela atenção que Anne sempre teve do pai e por aí segue a história. No começo dos anos 90, Jonathan Demme ganhou o Oscar por O Silêncio dos Inocentes, que marcou o ápice de sua evolução por meio de filmes como Totalmente Selvagem e De Caso com a Máfia. Num determinado momento, ele perdeu o rumo, mas está voltando. A dor da família de O Casamento de Rachel é universal, temperada por referências à música caribenha e à Guerra do Iraque. No centro desse filme poderoso, Anne Hathaway deixa para trás a princesa (e seu diário) e a garota de O Diabo Veste Prada. Anne é maravilhosa, como o filme de Demme. Serviço Espaço Unibanco 3 - Hoje (sábado), às 18h50 Cinesesc - Domingo, às 22h30 HSBC Belas Artes 2 - 3.ª, 17h40

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