Anna com a OSB, em mais uma exibição de virtuosismo

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Por Redação
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A brilhante Polonaise que se ouve no baile do terceiro ato da ópera Ievguêni Oniéguin foi bom início à apresentação de segunda-feira da Orquestra Sinfônica Brasileira, na Sala São Paulo. Desde o início de sua carreira de maestro, em São Paulo, Roberto Minczuk demonstrou a afinidade que tem com a música de Tchaikóvski. E isso garantiu seguro acompanhamento orquestral ao Concerto nº 1 em si bemol menor op. 23, tocado por Anna Vinnítskaia.Se, como ela disse em entrevista ao Estado, a escola russa de piano já não existe mais, que bom que Vinnítskaia aprendeu antes. Pois é tipicamente eslava a técnica dessa jovem artista, no que se refere ao toque, à elegância do fraseado, e ao controle da dinâmica, que pode ser vigorosa quando necessário, sem nada perder da feminilidade.Admirável na cadência do Allegro con fuoco, em que a ênfase foi posta na vertente lírica, com andamentos amplos; Vinnítskaia plasmou com habilidade, no Andantino semplice, o contraste entre o diálogo lírico do piano com a flauta e a seção prestíssimo, em que Tchaikóvski retoma o tema de uma canção popular francesa. O Allegro con fuoco foi a costumeira exibição de virtuosismo, mas com judiciosa exploração do dançante tema de origem ucraniana. Porém, foi na maneira como executou o Estudo de Chopin dado em extra, que Vinnítskaia demonstrou ser um nome ao qual vale a pena estar atento.Em homenagem ao bicentenário de nascimento de Mendelssohn, a segunda parte foi ocupada pela Sinfonia nº 3 em lá menor op. 56 Escocesa. Minczuk não a executou com um mínimo de intervalo entre os movimentos, como fazia o próprio autor; mas isso não afetou o resultado de conjunto. As madeiras da OSB soaram límpidas na introdução lenta do Andante con moto e Minczuk teve seu melhor momento no Vivace non troppo, em que Mendelssohn imita um pibroch (dança típica escocesa, com a clarineta substituindo a gaita de fole) porque não tem sentido, hoje, interpretar Mendelssohn como um compositor agradável, mas sem muita energia e profundidade.No Adagio, em que está uma das mais belas melodias da peça, Minczuk soube equilibrar o brilho das cordas claras e os arabescos das madeiras com a tendência que o registro grave dos instrumentos da OSB tem, às vezes, a soar um pouquinho rouco. E foi correto o tratamento dado ao Allegro vivacíssimo - Allegro maestoso, com final em tom de hino, solene sem ser pomposo. Como extra, nada melhor, para completar a homenagem, do que uma execução festiva da Marcha Nupcial da música para o Sonho de Uma Noite de Verão, em que o trompista Roberto Minczuk mostrou o cuidado que tem, como regente, com os coloridos e com o tratamento dado aos metais. Em suma, de feição tradicional mas bem realizado, esse foi o programa mais satisfatório apresentado pela OSB em suas recentes visitas a São Paulo.

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