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Aí vem Alanis, apaixonada e eletrônica

Cantora fala sobre turnê por 10 cidades brasileiras, na qual lança o álbum Flavours of Entanglement, o primeiro em quatro anos

Por Jotabê Medeiros
Atualização:

Alanis Morissette, indicada para seis prêmios Grammy em 1996, vai cantar em Teresina, no Piauí, no dia 28. Teresina talvez seja a última capital que faltava ser incluída no roteiro de turnês internacionais de peso, o que é sintomático dos novos tempos no show biz - todo artista tem de ir aonde a bilheteria está. Mas Alanis não vai a Teresina (e outras 9 cidades brasileiras) no bagaço. No, sir! Ela vai em situação de renascimento profissional e pessoal. Primeiro, vamos pelo lado pessoal: Alanis acaba de arrumar um novo amor após o tombo que foi a ruptura com o ator Ryan Reynolds, há dois anos - Reynolds a deixou e se casou em outubro com Scarlett Johansson. A cantora se levantou, sacudiu a poeira e voltou a se divertir com a música - um dos hits recentes do YouTube foi a versão que ela fez para My Humps, do Black Eyed Peas, uma canção de estilo diametralmente oposto ao seu. "Tive problemas, escrevi a respeito deles. A gente faz escolhas ao longo da vida, algumas dão certo, outras não. Mas estou apaixonada de novo, e estou feliz. Sim, o meu trabalho reflete isso. Acontece que, para mim, compor é uma espécie de terapia. Quando escrevo música, vejo os problemas com mais clareza, e também aprendo a resolvê-los", disse ao Estado a cantora de 34 anos, falando por telefone na noite de quinta-feira, de Los Angeles. A segunda boa notícia sobre Alanis é que, profissionalmente, ela está ebulitiva. Voltou a atuar no cinema - acaba de concluir um filme, Radio Free Albemuth, no qual interpreta a personagem principal, uma heroína chamada Sylvia, tirada de um romance de Philip K. Dick (de O Caçador de Androides). E, na música, fez um novo disco, Flavours of Entanglement (Sabores de Obstáculos) após quatro anos ausente das prateleiras de discos. O álbum é um verdadeiro turning point em sua carreira - com pitadas de eletrônica, bem-humorado, menos melodramático, menos cheio de compromisso. O leitor pode pensar: o que quer dizer com "menos cheio de compromisso"? Bom, o fato é que, nos anos 1990, Alanis virou uma espécie de símbolo e farol de adolescentes com versos como "Você ainda pensa em mim quando a está comendo?", de seu terceiro álbum, Jagged Little Pill. Muitas fãs a tinham como um oráculo, um guru de onde extrairiam respostas para suas aflições femininas. Agora, ela se preocupa mais em repartir suas experiências do que em dar conselhos. "Escrevi 24 canções para esse disco em Londres e Los Angeles, todas remontando os últimos meses de minha vida, como uma cronologia real. Eu gosto da ideia dos obstáculos, não é uma palavra só negativa. É por isso que eu coloquei logo depois a palavra ?sabor?. Depois eu gravei as músicas e busquei um produtor. Eu o achei em Londres". Aí é que entra a surpresa: ela recrutou, para trabalhar consigo, o produtor, compositor e arranjador inglês Guy Sigsworth, que trabalhou com Madonna e Björk. O homem que, ao lado da cantora Imogen Heap, forjou o badalado projeto Frou Frou. "Eu produzia meus álbuns, mas não me considero uma boa produtora. Guy é um mágico, faz a produção soar magnífica. Foi uma grande colaboração, um tipo de abertura dos dois lados, duas pessoas trocando ideias no estúdio", ela conta. Para Alanis, o novo disco mergulha fundo no que ela chama de "minhas paisagens emocionais", mas também não as dramatiza demais. Ela não ficou distanciada do mundo da música nestes quatro anos: acompanhou a chegada de novas cantoras, como Amy Winehouse, Katy Perry e Lily Allen. "Mas não sou assim ligada em novidade ou em um gênero. Gosto de cantoras e cantores. Gosto de Joni Mitchell e também apreciei a chegada de Amy Winehouse". Sobre suas muitas discípulas, como a conterrânea Avril Lavigne. "Algumas pessoas são influenciadas por mim, e é bacana saber que eu pude compartilhar minha música. Muito do que eu descrevo é minha vida real, e eu sobrevivi àquilo. Espero que seja boa inspiração", diz. Alanis confessa que não sabe muita coisa sobre alguns dos lugares aos quais está indo nessa exaustiva turnê pelo Brasil. "Mas eu acho que isso vai me permitir explorar melhor o Brasil, mais do que nas turnês passadas. Antes, eu ia ou ao Rio ou a São Paulo. Vai ser bom, vou ver coisas novas, experimentar cores diferentes", avisa. Ela inicia a turnê pelo Brasil no dia 21 em Manaus (Studio 5). Em São Paulo, canta no Via Funchal no dia 3 de fevereiro.

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