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Ação contra a gravadora EMI está perto de um desfecho

Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

Exceto pelos shows em São Paulo, Rio e Salvador, João Gilberto é o grande ausente das exposições, projetos musicais como CDs, documentários e tudo o mais que vem se produzindo em torno dos 50 anos da bossa nova. Isso acontece porque o cantor não permitiu o uso de imagens e registros em áudio de sua voz. A maior lacuna, porém, diz respeito a seus três primeiros álbuns, que definiram o estilo tido como o mais alto grau de sofisticação na música popular brasileira. Chega de Saudade (1959), O Amor, o Sorriso e a Flor (1960) e João Gilberto (1961) nunca foram lançados em CD da forma original. Apenas na coletânea O Mito (1992), que foi retirada de circulação por ordem judicial. Além de alterar a ordem das faixas e retocar a sonoridade original dos LPs, a compilação da EMI cometeu outra heresia: ao adicionar três faixas do compacto que João gravou para o filme Orfeu do Carnaval - Manhã de Carnaval, O Nosso Amor e A Felicidade -, mutilou as duas últimas reunindo-as num medley. A coletânea foi relançada à revelia do cantor, que não teria concordado com o porcentual de royalties oferecido pela gravadora. Ele então moveu uma ação judicial contra a EMI, que corre há mais de dez anos, mas deve estar próxima de um desfecho. "A ação sobre a qual a matéria se refere teve início em 1997 e se encaminha para sua fase final: deverá ser julgada ainda este ano, pelo STJ. Por meio dessa ação, João Gilberto contestou os processos tecnológicos aplicados aos másteres quando da digitalização dos mesmos para lançamento no formato CD", diz a nota da EMI enviada por meio da assessoria de imprensa, sem dar mais detalhes quanto à indenização para o cantor e quais os termos para se chegar a um acordo. E, ao que parece, feliz. Procurado pela reportagem, o empresário do cantor, Otávio Terceiro, disse que cuida mais "da parte artística" de sua carreira e, por estar voltando de uma viagem, não estava atualizado sobre o assunto. Não se sabe ainda quanto tempo pode levar para os discos - que, no formato de LPs, viraram objetos de colecionador - voltarem ao mercado. "Neste momento, a gravadora aguarda a decisão judicial para que, só então, passe a discutir e avaliar os próximos passos a serem seguidos, no que diz respeito ao relançamento desse acervo histórico de João Gilberto", continua a nota da gravadora. "A diretoria da EMI Music, inteiramente renovada há cerca de um ano, está confiante de que o processo será bem-sucedido, para que os fãs de João Gilberto e da bossa nova possam voltar a ouvir as obras fundamentais do artista", conclui.

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