A psicanálise do western, no pôr-do-sol de Aldrich

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Por Luiz Carlos Merten
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Ele foi um dos maiores diretores de Hollywood, mas a carreira de Robert Aldrich divide-se, nitidamente, em duas partes. No triênio 1954-56, ele fez filmes de diversos gêneros (western, guerra, noir) que estabeleceram sua reputação, mas logo em seguida houve uma ruptura. Aldrich teve problemas com produtores, foi afastado de sets de filmagens, teve obras remontadas. Em 1961, ele começou a se reerguer, com O Último Pôr-do-Sol, que passa hoje no Telecine Cult, às 19h55. Ainda houve um acidente de percurso, o épico bíblico Sodoma e Gomorra, mas, na seqüência, com O Que Terá Acontecido a Baby Jane?, Aldrich já estava montado de novo na sela. O cartaz de hoje da TV paga não é um faroeste como os outros. Violento e poético, seu enfoque é psicanalítico. Trata do conflito de Electra e da figura mítica do pai no imaginário das garotas. Rock Hudson faz o homem de bem, em cuja vida irrompe o pistoleiro Kirk Douglas. Ele é o pai biológico da filha da mulher de Hudson. Na cena-chave, Carol Lynley veste o vestido de noiva que foi de Dorothy Malone para encontrar o estranho sedutor, sem saber que é seu pai. Aldrich e o roteirista Dalton Trumbo fizeram um filme complexo e perturbador.

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