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A Paris sem pressa de Fernando Rabelo

No Rio, mostra reúne 40 imagens muito pessoais da cidade

Por Roberta Pennafort
Atualização:

Deslumbrante, convidativa e cheia de surpresas a cada esquina, Paris talvez seja a cidade mais fotografada do mundo. Mas mesmo quem já se deslumbrou com as imagens clássicas, em preto-e-branco, de Henri Cartier-Bresson, André Kertész e Robert Doisneau, não deixa de se encantar com novos ângulos, cores e facetas da capital francesa, registrados por profissionais ou mesmo por viajantes embevecidos. O fotógrafo mineiro Fernando Rabelo, que viveu por lá de 1973 a 1979 (era adolescente e foi levado pelos pais, perseguidos pela ditadura militar), descobriu o amor pelo ofício em meio às suas pontes, edifícios, igrejas e avenidas. Quase 30 anos depois, em 2005, já tendo passado pelas maiores redações de jornal do País (foi editor de Fotografia do Jornal do Brasil), ele voltou a Paris. O resultado desse reencontro está em Imagens de Um Flâneur Brasileiro em Paris, exposição em cartaz até o dia 27 no Centro Cultural Justiça Federal, na Cinelândia, no centro do Rio. A mulher envolta numa cortina numa loja de Montmartre, as estátuas pichadas no cemitério Père Lachaise, o homem solitário caminhando à beira do Sena, o porco assado no espeto no Quartier Latin, o bistrô em Marais, a Ile de la Cité - tudo isso compõe a nova Paris de Rabelo, que, quando jovenzinho, fazia seus cliques despretensiosamente. ''''A cidade mudou muito. É preciso ter disposição de flâneur para capturar essas imagens'''', ele explica, lançando mão da figura mítica que caminha pelas ruas aparentemente desatento, sem destino, sem pressa. Pressa é algo que nada teve a ver com a experiência do fotógrafo em Paris. São 40 imagens produzidas entre setembro de 2005 e junho de 2006, com todo o tempo do mundo para esperar a melhor luz e o instante mágico. ''''Eu não tinha compromisso. Se precisasse, voltava no dia seguinte para fazer a foto'''', conta. Nesta incursão, Rabelo retornou a lugares em que havia estado quando garoto. Munido de sua câmera (analógica) e tripé, flanou dia e noite. Captou a mulher lendo preguiçosamente nos Jardins de Luxemburgo, o Trocadero, a fachada da nova Ópera de Paris, o Palais Royal. E ainda algumas manifestações violentas de estudantes. Prédios, parques, pontes - à luz do sol ou sob bela iluminação artística, um pouco do encanto de Paris está na mostra, abrigada no majestoso prédio do Centro Cultural Justiça Federal.

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