A paixão de Cristo de Ferrara, pelo ângulo de Maria Madalena

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Abel Ferrara ficou famoso como diretor de filmes viscerais e violentos como Vício Frenético, Invasores de Corpos e Os Chefões. Para um autor chegado - na arte e na vida - às drogas e aos excessos, pareceu surpreendente quando, há três anos, Ferrara teve o que foi superficialmente definido como ?uma crise mística? e fez Mary. Traduzido como Maria, o filme é a atração de hoje do Telecine Cult, às 22 horas. Maria é Juliette Binoche, uma atriz que faz o papel de Maria Madalena numa nova produção sobre a paixão de Cristo. Aliás, o filme é contemporâneo da versão de Mel Gibson, que Ferrara detestou, mas esta seria (ou é) outra história. O formato, portanto, é o do metacinema, o filme dentro do filme. No filme que passa na TV paga, Maria - Juliette - é deixada em Jerusalém, em plena crise mística, quando a produção se complica. Matthew Modine é o diretor em crise de vocação, cansado - como Ferrara? - de lutar contra o cinemão, em defesa de sua criação. E há um jornalista cético - Forest Whitaker - , que segue a filmagem e também está em crise porque sua mulher e o bebê recém-nascido podem morrer. O conceito de Ferrara é - a crise destrói ou faz crescer. Maria aposta no crescimento. É muito interessante. E, Juliette, claro, é maravilhosa.

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