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A mostra anuncia suas atrações

Serão 454 filmes e convidados como Wim Wenders e Benicio Del Toro

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Com mais de 400 filmes - exatamente 454 - de 75 países, a Mostra Internacional de Cinema São Paulo chega à sua 32ª edição anunciando atrações muito especiais. A coletiva de lançamento do evento ocorreu no sábado, no Espaço Unibanco, que vai fornecer quatro dos 21 pontos de exibição da mostra de 2008, que começa na quinta, dia 16, para convidados, e no dia seguinte, sexta, para o público. O filme de abertura será Terra Vermelha (Birdwatchers), co-produção ítalo-brasileira - com participação da Gullane - dirigida por Marco Bechis, do forte e politizado Garagem Olimpo. São tantas as atrações que um texto de apresentação não consegue dar conta de todas. O negócio é destacar as principais. Há anos, Leon Cakoff e Renata Almeida convidavam Wim Wenders para a mostra. Finalmente, este ano, ele aceitou a carta branca que a mostra lhe ofertou e selecionou 15 filmes. Um deles é o último que realizou e estreou no Festival de Cannes, em maio, o decepcionante Palermo Shooting. Mas, de resto, a seleção wendersiana é muito interessante e inclui dois filmes de Yasujiro Ozu (A Rotina Tem Seu Encanto e Fim de Verão), dois de François Truffaut (A Sereia do Mississippi e O Garoto Selvagem), um de Jean-Luc Godard (O Pequeno Soldado) e a jóia romena Como Festejei o Fim do Mundo, de Catalin Mitulescu. Só Wenders já seria um convidado capaz de preencher o sonho dos cinéfilos, mas há uma presença que se anuncia mais retumbante, do ponto de vista midiático - Benicio Del Toro vem para a sessão de encerramento, que terá o Che, de Steven Soderbergh. Del Toro foi o melhor ator em Cannes, em maio, justamente por seu papel como o revolucionário. Querem mais? Diretor importante no começo dos anos 80, por filmes como Carruagens de Fogo e Greystoke, a Lenda de Tarzan - sua obra-prima -, Hugh Hudson teve sua carreira bruscamente truncada pelo fracasso, de público e crítica, de Revolução, que fez em 1985, com Al Pacino. Hudson virá a São Paulo como jurado da competição da mostra e também para exibir a versão remontada, por ele próprio e Pacino, do filme - Revolução Revisitado. Já exibido no Festival do Rio, O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, primeiro da trilogia, ganha exibições especiais (duas) para que o público, principalmente os jovens, que só conhecem o clássico do DVD, possam ver sua versão - restaurada pelo próprio autor - no esplendor da tela grande. A mostra também exibe em pré-estréia mundial o primeiro filme de José Padilha desde o fenômeno Tropa de Elite, o documentário Garapa. O mestre sueco Ingmar Bergman, morto no ano passado, ganha duas homenagens - uma retrospectiva do começo de sua carreira, com filmes como Crise, de 1946; Prisão, de 1949; e Rumo à Alegria, de 1950; e uma exposição de fotos, Meus Encontros com Bergman, com imagens clicadas pelo fotógrafo Ove Wallin durante cerca de 30 anos nos bastidores de filmagens e montagens teatrais do grande diretor. Outra retrospectiva contempla o japonês Kihachi Okamoto, cineasta pouco conhecido no Brasil, mas idolatrado por Quentin Tarantino e Jim Jarmusch. A violência de seus filmes de gângsteres e samurais já o levou a ser comparado ao norte-americano Samuel Fuller. A mostra exibe também a íntegra de Berlim Alexanderplatz, de Werner Rainer Fassbinder, que promete ser a pièce de resistance dos cinéfilos, com suas 15 horas de duração. O argentino Pablo Trapero ganha retrospectiva com quatro filmes e dá palestra na Faap, dia 20, precedida pela exibição de seu novo longa, La Leonera. Dois clássicos mudos serão exibidos com acompanhamento ao vivo do grupo francês Octuor - Poil de Carotte, de Julivien Duviver, de 1925; e O Homem Que Ri, de Paul Leni, de 1928. A mostra anuncia dois shows - um de André Abujamra, grande compositor de trilhas e das vinhetas do evento (a deste ano é uma criação da artista plástica Tomie Ohtake), Retransformafikando, e outro, no encerramento, dia 30, de Maria de Medeiros, que vai cantar músicas de Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Com orçamento ideal de R$ 5,1 milhões, a mostra de 2008 está sendo realizada a um custo real de R$ 3,5 milhões. Cakoff abriu os números do evento - a maior despesa da mostra é com pessoal, quase R$ 1 milhão, mas convidados (cerca de R$ 600 mil) e despesas com os filmes (fretes, transportes e aluguéis, outros R$ 600 mil) representam custos consideráveis. Para o público, o importante é que a maratona começa daqui a cinco dias e com a promessa, sempre renovada, de trazer o melhor do cinema de todo o mundo à cidade. Pérolas De Uma Seleção Que Promete Num evento que anuncia mais de 400 filmes em duas semanas, será impossível, para qualquer espectador, assistir a todos. Uma seleção de obras imperdíveis inclui as seguintes: 24 City, de Jia Zhang-Ke A Canção dos Pardais, de Majid Majidi A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele A Floresta dos Lamentos, de Naomi Kawase A Vida Moderna, de Raymond Depardon Alexandra, de Alexader Sokúrov Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes Cinzas do Passado Redux, de Wong Kar-wai Gomorra, de Matteo Garrone Horas de Verão, de Olivier Assayas Il Divo, de Paolo Sorrentino Loki - Arnaldo Baptista, de Paulo Henrique Fontenelle O Canto dos Pássaros, de Albert Serra O Casamento de Rachel, de Jonatahan Demme O Silêncio de Lorna, de Jean-Pierre e Luc Dardenne Rebobine, por Favor, de Michel Gondry Se Nada Mais Der Certo, de José Eduardo Belmonte Tulpan, de Sergei Dvortsevoy Um Conto de Natal, de Arnaud Desplechin Waltz with Bashir, de Ari Folman A seleção completa está no site www.mostra.org. Os ingressos já estão à venda na Central da Mostra, instalada no Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2.073), que funciona diariamente das 10 h às 21 h. Informações podem ser obtidas pelos fones (011) 3266-3702 e 3266-3705.

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