A forte presença da Itália na competição

Mas um dos concorrentes da península é o globalizado Birdwatchers, de Bechis

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Por Luiz Zanin Oricchio
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A mostra competitiva do mais antigo festival do mundo mantém o perfil adotado pelo diretor Marco Müller em seus quatro anos de gestão - forte presença norte-americana, asiática e européia, e ausência quase completa do cinema latino-americano. Desta vez, uma novidade, se é que o termo cabe - vários filmes italianos em competição, o que levou jornais do país, como o La Repubblica, a falarem em ''resgate do orgulho nacional''. De fato, nas últimas edições, as produções locais têm entrado na condição da patinhos feios, que se inscrevem apenas para marcar presença e testemunhar os outros serem premiados. Agora, os italianos confiam no desempenho de filmes como Un Giorno Perfetto, de Ferzan Ozpetke, ou Il Papà di Giovanna, do estimado Pupi Avati. O curioso é que um dos italianos mais cotados tem título inglês, é dirigido por um argentino que fugiu para a Itália durante a ditadura militar em seu país, é rodado no Brasil e falado em português e guarani - trata-se de Birdwatchers, literalmente ''observadores de pássaros'', e fala do extermínio dos guarani-kaiowás no Mato Grosso. A delegação do filme em Veneza, informa o produtor Fabiano Gullane, incluirá seis índios que, além de apresentarem a obra e falarem dos seus problemas, ainda entrarão em contato com ONGs italianas de proteção a etnias em via de desaparição. Será um acontecimento. No mais, deve-se destacar a presença de nomes conhecidos como Jonathan Demme (com Rachel Getting Married) e Takeshi Kitano (com Achiles and the Tortoise, sua visão pessoal da fábula de Aquiles e a Tartaruga). Kitano é outro habitué do Lido e já levou um Leão de Ouro por Hana-Bi - Fogos de Artifício. Barbet Schroeder (de O Escafandro e a Borboleta) lá estará com seu Inju, la Bête dans l''Ombre, representando a França. E o mexicano Guillermo Arriaga, roteirista famoso dos filmes de Alejandro Gonzáles Iñárritu (Babel, Amores Brutos), faz sua estréia na direção com The Burning Plain, uma produção norte-americana. Resta acrescentar que, na sessão fora do concurso, o brasileiro Encarnação do Demônio será exibido na mesma mostra dos novos filmes de Abbas Kiarostami, Manoel de Oliveira, Jia Zhang-Ke e dos irmãos Coen. Melhor companhia Zé do Caixão não poderia desejar.

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