A força do samba paulista atual

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Por Lauro Lisboa Garcia
Atualização:

Ontem fez 13 anos que o samba de São Paulo perdeu um de seus mais característicos representantes, Geraldo Filme. Cultuado pela comunidade paulistana, Filme será homenageado no projeto É Tradição e o Samba Continua, que começa hoje no Centro Cultural Banco do Brasil e vai reunir 12 grupos e cantores até o dia 3 de fevereiro. Quem abre a programação é a cantora Fabiana Cozza. Ela será acompanhada do Quinteto em Branco e Preto, outro nome de ponta da nova geração. Nos outros dias, os participantes serão acompanhados de uma banda fixa e todos os shows vão terminar com sambas de Filme. O projeto, cujo nome saiu de um verso de seu clássico Tradição (Vai no Bixiga pra Ver), vai mostrar diversas modalidades, como o samba de terreiro e o samba de bumbo, típico do interior paulista, onde Filme nasceu e cresceu influenciado pelo canto dos escravos, que conheceu com a avó. Integrante do Samba da Vela, padrinho de algumas e militante em outras comunidades, Chapinha assina a direção musical. "Sem bairrismo, bato sempre na mesma tecla para que se valorize mais o samba de São Paulo: Geraldo Filme, Zeca da Casa Verde, Talismã, Toniquinho Batuqueiro, Oswaldinho da Cuíca e outros que são menos lembrados", diz Chapinha. O samba de comunidade é uma das características marcantes do que se faz em São Paulo atualmente e que ganha mais visibilidade no projeto do CCBB. Além da Comunidade Samba da Vela (que divide o programa do dia 13 com Oswaldinho da Cuíca), tem também o Berço do Samba de São Matheus (dia 20, com Dona Inah), o Samba da Laje (dia 27, com Teroca e a Velha Guarda da Camisa Verde e Branco) e o Pagode da 27 (dia 3/2, com Graça Braga e Chapinha). "Esse movimento começou a dar certo a partir do Samba da Vela, outros projetos surgiram em São Paulo e hoje outras cidades copiam", diz Chapinha. "Esse samba de comunidade está muito forte hoje em São Paulo. Tem muita gente boa, mas o movimento é meio disperso. Espero que esse projeto contribua para essas pessoas se reunirem mais", diz o curador Sérgio Mendonça. "Muitos ficaram de fora, como Germano Mathias, o pessoal do Paranapanema e outros, mas não dava para abranger todo mundo."

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