A felicidade inédita de ser artista

O violonista alagoano Zé Barbeiro lança o primeiro CD - Segura A Bucha! - em apresentação única no Sesc Pompeia

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Por Francisco Quinteiro Pires
Atualização:

Zé Barbeiro está "passado". Pela primeira vez, sente "a felicidade de ser um artista". Um dos violonistas mais importantes do choro de São Paulo, ao 57 anos ele está lançando o primeiro disco - Segura A Bucha! - hoje, no Sesc Pompeia. É o resultado do mergulho na música instrumental realizado no início dos anos 1970, quando largou o iê-iê-iê. Ouça trecho de Segura A Bucha Nascido em Alagoas e radicado ainda menino em Carapicuíba, uma cidade paulista, José Augusto Roberto da Silva conheceu o violão com a febre da Jovem Guarda. O contato com o samba e o choro se deu na barbearia do pai. Zé Barbeiro trabalhou por mais de 30 anos na profissão. Faz 12 anos abandonou o ofício para dedicar-se à música. Em 1971, num festival em Osasco, Zé Barbeiro recebeu um conselho do violonista 7 cordas João Macacão, que está lançando o CD Serestando. "Ele percebeu minha pegada rítmica boa para o choro e mandou seguir esse caminho." Autodidata, Zé Barbeiro comprou todos os discos em que Horondino José da Silva - o Dino 7 Cordas - tocava. "O Dino me ensinou a importância da firmeza rítmica, a dar o pé no chão para o cantor ou o solista atuar", diz. "Era dono de impressionante segurança no ritmo, as notas graves saíam todas precisas." Além de aprender de ouvido, comprou livros que o ensinaram a ler partitura. Arranjador do disco Divino Samba Meu, com o qual Dona Inah ganhou o prêmio TIM de Revelação em 2006, Zé Barbeiro diz que seu estilo é "bonachão". "Adoro fazer presepada com o ritmo." Só contém a vontade de brincar, quando percebe que o cantor ou solista é tradicional. Resultado de premiação do Projeto Pixinguinha de 2008, Segura A Bucha! reúne 14 dos mais de 110 choros compostos por Zé Barbeiro, responsável pelos arranjos. No CD, a única composição com parceiro - o violonista Alessandro Penezzi - é Bafo de Bode. Para gravar, chamou seus companheiros de "palhaçadas nos botecos", que tocam com ele no Bar do Cidão e no Ó do Borogodó, ambos na Vila Madalena. Para compor e arranjar, ele recorre às tecnologias. "Não sei escrever de uma vez os arranjos." Primeiro, ele cantarola a melodia e depois a registra no Encore, software para trabalhar com partituras. Os floreios e harmonias, inventa no computador. "E sempre para facilitar o trabalho dos músicos." Zé Barbeiro acompanha a evolução dos violonistas 7 cordas - os contrapontistas de ontem vêm se tornando os harmonizadores e arranjadores dos dias atuais. Serviço Zé Barbeiro. Sesc Pompeia. Teatro (358 lug.). Rua Clélia, 93, tel. 3871-7700. Hoje, 21 h. De R$ 3 a R$ 12

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