A densidade de Dolores Duran e Maysa por Célia

Cantora interpreta clássicos das musas da dor-de-cotovelo no Sesc Pinheiros

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Por Lauro Lisboa Garcia
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Em 2007, Célia participou de dois projetos do produtor Thiago Marques Luiz, Dolores - A Música de Dolores Duran e outro dedicado a Maysa, Esta Chama Que Não Vai Passar. Agora, em dois shows no auditório do Sesc Pinheiros, hoje e amanhã, a cantora mergulha mais fundo no repertório das duas musas da dor-de-cotovelo que brilharam nos anos 50 e 60. Olha o Tempo Passando, de Dolores, e Nós, parceria póstuma e inédita de Maysa com Julio Medaglia, estão no roteiro. Acompanhada apenas do piano de Hamilton Messias, Célia interpreta clássicos como Ouça, A Noite do Meu Bem, Meu Mundo Caiu e Fim de Caso. É o estilo de canção para cortar os pulsos, que cai muito bem na voz da versátil cantora. Mas também tem um lado mais alegre, que o senso comum não costuma identificar nas duas compositoras. "As melodias de A Noite do Meu Bem e Por Causa de Você são tristes, mas a interpretação não pode ser, porque as letras são de uma felicidade só", ensina a cantora. Já em Maysa é mais difícil encontrar um lado mais ensolarado. "A única mais alegrinha é Quizás, Quizás, Quizás, que eu canto no show. E também tem Nós, que dá para brincar de samba-enredo", conta. Célia já fez shows interpretando canções das duas no ano passado ("elas têm muito a ver uma com a outra"), mas sua ligação com Maysa é mais profunda e antiga. Quando Célia começou a carreira, no início dos anos 70, participando do Programa Flávio Cavalcanti, Maysa era uma das juradas. Diziam que Célia era a cara de Maysa quando jovem. O rigoroso Cavalcanti (que costumava quebrar discos de quem não gostava no ar) reconheceu de imediato o talento da afilhada novata e pediu à consagrada Maysa que a aconselhasse. "Ela disse que a uma cantora como eu a gente não dá, mas pede conselho. Isso foi demais", lembra Célia. "Na época até Helena Silveira escreveu no jornal comentando a generosidade de Maysa." A afinidade artística entre elas se aprofundou em amizade. Uma das brincadeiras que costumavam fazer, Célia vai reproduzir nestes shows dirigidos por Thiago Marques: fundir a clássica Ne me Quitte Pas com o bolero Nosotros. Célia, que lançou um ótimo CD com o violonista Dino Barioni em 2007, agora vai emprestar sua grande voz ao cancioneiro de João Bosco. Seu próximo projeto dever ser em duo com o compositor.

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