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A construção e a expressão em duas mostras paralelas

Sérgio Sister segue a trilha do neoconcretismo e Cristina Canale permanece fiel à linguagem figurativa

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Por Redação
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Dois outros artistas abrem hoje exposições no Instituto Tomie Ohtake, um deles dialogando diretamente com a tradição construtiva, o pintor paulista Sérgio Sister. Ele apresenta pinturas pouco convencionais, feitas com ripas de madeira e alumínio recoberto com tela, que remetem diretamente aos ''''objetos ativos'''' de Willys de Castro (1926-1988), um dos maiores nomes da arte neoconcreta brasileira. Castro, com esses objetos ativos criados em 1959, colocou em questão não só a bidimensionalidade da pintura, como inseriu signos num território até então abstrato, que rejeitava aproximação com o símbolo. O artista, que adotou a abstração nos anos 1980, quando o neoexpressionismo dominava a arte, apresenta pinturas limitadas às bordas das ripas de grande formato escoradas na parede. Elas colocam em questão os limites entre pintura e escultura, a exemplo do objetos de Willys de Castro (que aplicava a cor na lateral das obras). Cristina Canale, artista da Geração 80 que começou a carreira no auge do neoexpressionismo, manteve-se fiel à linguagem figurativa, mas suas amplas áreas de cor e contorno indefinido revelam certa tendência à abstração. Pode ser que, seguindo a profecia de Torres García, que via na arte abstrata a expressão máxima de um povo, também seja seu caminho no futuro.

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