''A comédia é o gênero mais difícil de interpretar''

Clarisse Abujamra, atriz

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Por depoimento a Francisco Quinteiro Pires
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Atriz, diretora, bailarina e coreógrafa, Clarisse Abujamra (1948) estreou na carreira artística com O Machão, da TV Tupi. Ela participou de novelas que marcaram época como Escrava Isaura e Anjo Mau. Desde os anos 1970, dedica-se sobretudo ao teatro. Atuou,entre outros, com os diretores Antunes Filho, Antônio Abujamra, Flávio Rangel e Bibi Ferreira. Dirigiu a Cia. Teatro Brasileiro de Dança por 10 anos. Seus últimos trabalhos em cartaz foram o monólogo As Nove Partes do Desejo, de Heather Raffo, e a peça-show Antonio, ao lado do irmão, o pianista Ivan Abujamra, programada para voltar em 8 de fevereiro. A estreia no cinema foi com As Amorosas (1968), de Walter Hugo Khouri. Sua atuação em Anjos do Arrabalde, de Carlos Reichenbach, lhe rendeu o Prêmio Governador do Estado de melhor atriz (1987).Também esteve no elenco de Chega de Saudade, de Laís Bodanzky. Clarisse Abujamra é autora dos livros Ações do Senso, sobre a atuação como professora de dança, e de Excesso, 39 crônicas e prosas poéticas sobre a vida, a solidão e os amores. Que atores ou atrizes cujo trabalho em teatro você acompanha? Sempre que posso vou ao teatro, sempre para ver os bons trabalhos e eles chegam com o nome de tantos intérpretes que seria impossível colocar todos aqui. Qual o diretor de teatro cujo trabalho admira em especial? Antônio Abujamra. Dê um exemplo de criador teatral muito bom, mas injustiçado. Não creio que exista um criador injustiçado, o reconhecimento é sempre uma questão de tempo, mais dia menos dia, quando se tem talento. Cite uma criação teatral surpreendente e pela qual não dava nada. Quando não dou nada por uma peça, não penso sobre ela, não vou conferir. Quando fico sabendo ser boa, eu vou. A cena brasileira tem algumas montagens teatrais antológicas. Cite algumas que tenham sido marcantes em sua vida. As Fúrias, de Rafael Alberti, na direção de Antônio Abujamra. Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand, na direção de Flávio Rangel. Macunaíma, na direção de Antunes Filho. Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, montada pelo Teatro Oficina. Na Selva das Cidades, de Bertolt Brecht, pelo Teatro Oficina. Que montagem lhe fez mal, de tão perturbadora? Sweeney Todd. E que espetáculo teatral mais o fez pensar? As Nove Partes do Desejo, com texto de Heather Raffo e dirigido por Marcio Aurélio. Comédia é um gênero menor? A comédia é genial! Quando boa relaxa o espectador e instiga o pensar sem dor. É o gênero mais difícil de interpretar. Cite uma peça difícil, mas boa. Os Sete Afluentes do Rio Ota, dirigido pela Monique Gardenberg. Uma montagem que imagina ter sido muito boa e você não viu. O Livro de Jó, do Teatro da Vertigem. Um espetáculo difícil, mas inesquecível. O Balcão, do Jean Genet. Que peça(s) escrita(s) nos últimos dez anos mereceria um lugar na história do teatro brasileiro? Novas Diretrizes em Tempos de Paz, de Bosco Brasil, na direção de Ariela Goldman, e Agreste, de Newton Moreno, dirigido por Marcio Aurélio. Qual texto dramático clássico brasileiro, de qualquer tempo, você recomendaria encenações constantes? Rasga Coração, do Vianinha (Oduvaldo Vianna Filho). Cite um autor sempre ausente dos cânones que merece seu voto? Nem tão ausente, mas gosto muito de Consuelo de Castro. Que montagem (ou ator, autor, diretor) festejado pela crítica você detestou? Não gosto do que não tem qualidade. E que montagem (ou ator, diretor, autor) demolida por críticos você gostou? Os críticos, regra geral, são severos. Que virtude você mais preza no bom teatro? O bom intérprete. E o que mais a incomoda no mau teatro? O mau texto.

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