A busca sem objetivo de um jovem lírico

Golpe de Ar, de Fabrício Corsaletti, narra a experiência de um poeta em Buenos Aires

PUBLICIDADE

Por Francisco Quinteiro Pires
Atualização:

Para o poeta e narrador de Golpe de Ar, primeiro romance de Fabrício Corsaletti, viver é o grande desafio. "Ele quer saber quanto de vida aguenta encarar." O enredo mostra um jovem com 20 e poucos anos que se muda de São Paulo para Buenos Aires, onde, em 2005, Corsaletti viveu por 6 meses. "Ele consegue se desligar, pelo menos em parte, da vida paulistana da qual fugiu", diz. Ninguém no Brasil achava mais nada excepcional, segundo o narrador. O cotidiano havia se convertido em uma prisão existencial improdutiva. Lançado na Livraria da Vila, às 19 h de hoje, Golpe de Ar (Editora 34, 96 págs., R$ 26) é uma continuação dos contos de King Kong e Cervejas, a estreia em prosa do escritor paulista. A narração sem análises está presente nas duas obras, das quais Corsaletti, de 31 anos, tira a matéria dos seus poemas. As palavras servem como tradução das experiências líricas de um jovem que vaga pela capital argentina e recebe a visita inesperada de seis garotas. "O encontro dele com as meninas é justamente esse contato com o extraordinário." O personagem se fixa em Buenos Aires para não ser obrigado a ser feliz todos os dias. As coisas se intensificam quando ele se relaciona com uma das jovens. Descobre que a felicidade é ideia ilusória. Valoriza a relação autêntica com o mundo e o desejo de integração, convicções fortalecidas depois de ler Aire Libre, poema do espanhol Blas de Otero (1916-1979). O narrador de Golpe de Ar percebe a vida como uma busca livre, sem objetivo. Praticando tal princípio, ele sente o gosto passageiro da alegria. Serviço Golpe de Ar. De Fabrício Corsaletti. Editora 34. 96 págs. R$ 26. Livraria da Vila. R. Fradique Coutinho, 915, 3814-5811. Hoje, 19h30

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.