A beleza que nasce das ideias simples

O Alumioso, estreia do instrumentista Di Freitas, bebe nas fontes sonoras do Cariri

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Por Francisco Quinteiro Pires
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A beleza musical vem da simplicidade. Di Freitas, que lança O Alumioso (Selo Sesc SP), acredita na naturalidade sonora. "Minhas composições são simples do ponto de vista melódico e harmônico", diz. "Minha proposta é criar uma arte ligada à oralidade e à cultura da região, sem inventar." Por cultura da região, entenda-se a do Cariri, no Sul do Ceará, onde há um conjunto de sonoridades que vêm dos árabes, africanos e ibéricos. Nascido em Fortaleza há 43 anos, Di Freitas se radicou em Juazeiro do Norte (CE) em 2000. Ali atua em duas frentes: é professor e luthier. Fundou há 7 anos uma orquestra de rabecas, para a qual idealizou instrumentos feitos de cabaça, fruto de uma planta abundante em Juazeiro. Ele mesmo teve de fazer a confecção, porque é difícil encontrá-los à venda. E é com a rabeca e o violoncelo de cabaça que Di Freitas grava a maioria das 14 composições de O Alumioso, título em referência a Ariano Suassuna, um dos criadores do movimento armorial e de quem o músico leu vários livros. Seu estilo vem daí, da formação erudita - violão clássico - e dos K7s e vinis trazidos pelo pai, marinheiro mercante que viajou o mundo. As sonoridades que mais marcaram Di Freitas são as da Índia, Egito e Cuba. Em O Alumioso, ele é acompanhado por Lincoln Antonio (piano), Ari Colares (percussão), Éder "O" Rocha (zabumba) e Juliana Amaral (voz). Só duas faixas não são de Di Freitas: Juazeiro (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) e Vaca Estrela e Boi Fubá (Patativa do Assaré). Ele considera essa a sua estreia, depois de Ultraexistir (2007), CD gravado com a cantora lírica italiana Francesca Della Monica.

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