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Dia da Mulher: 25 grandes personagens femininas que marcaram a história da arte brasileira

No Dia Internacional da Mulher, o 'Estadão' traz biografias de personalidades femininas importantes para a trajetória do País na arte, como Fernanda Montenegro, no teatro, e Elis Regina, na música; veja outras

Foto do author Eduardo Gayer
Por Eduardo Gayer
Atualização:

As mulheres sempre tiveram papel central na arte brasileira e, por isso, o Estadão resolver relembrar as trajetórias de algumas delas em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. Confira, abaixo, algumas  personalidades que marcaram a história do Brasil por meio da arte e da cultura. 

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Anita Malfatti

Anita Malfatti foi uma pintora - sendo uma das principais do Brasil no século XX -, desenhista, gravadora, ilustradora e professora, nasceu em São Paulo, em 02 de dezembro de 1889. Foi grande amiga de Tarsila do Amaral e uma das responsáveis pela famosa Semana de Arte Moderna de 1922. Depois disso, fez exposições em Berlim, Paris e Nova York. Entre suas principais obras, estão A estudante russa (1915), A boba (1916) e Um homem amarelo (1917). Faleceu aos 74 anos, no dia 6 de novembro de 1964. 

Fotografia da pintora Anita Malfatti na juventude. Foto: Acervo Estadão

 

Beth Carvalho

Elizabeth Santos Leal de Carvalho, a Beth Carvalho, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 5 de maio de 1946. Sambista influenciada pela Bossa Nova, é dona dos sucessos Vou Festejar e Coisinha do Pai. Já lançou 34 álbuns e 5 DVDs, em seus mais de 50 anos de carreira, e se apresentou pelo mundo inteiro. Seu amor pela música levou a cantora, em setembro de 2018, a se apresentar deitada em um show no Rio de Janeiro, devido a problemas na coluna.  Beth Carvalho morreu aos 72 anos, no dia 30 de abril de 2019, vítima de infecção generalizada

A cantora Beth Carvalho Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

 

Bibi Ferreira

Falecida aos 96 anos, no dia 13 de fevereiro de 2019, Abigail Izquierdo Ferreira, conhecida como Bibi Ferreira, tem um papel central na história do teatro brasileiro. Participou de grandes musicais como Minha Querida Lady (My Fair Lady), ao lado de Paulo Autran, e Piaf – A Vida de uma Estrela, vivendo a estrela Édith Piaf. Bibi também fez filmes, apresentou programas de TV - como o Bibi Ao Vivo e Bibi Especial -, gravou discos e dirigiu shows, mas nunca abandonou sua grande o paixão, o teatro. 

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Bibi Ferreira Foto: MARCOS DE PAULA/ESTADÃO

Bidu Sayão 

A soprano Balduína de Oliveira Sayão, conhecida como Bidu Sayão, é a maior expoente do canto lírico brasileiro, sendo reconhecida internacionalmente. Nasceu no Rio de Janeiro em 11 de maio de 1904, mas viveu grande parte da carreira no exterior. Cantou em vários países, como Itália, Argentina, França e Estados Unidos, onde morreu, no dia 12 de março de 1999. Integrou a Orquestra Filarmônica de Nova York, contratada por um dos maiores regentes do século 20, o italiano Arturo Toscanini. 

A soprano Bidu Sayão. Foto: Acervo Estado

Cacilda Becker

Fundadora da companhia de teatro que leva seu nome, a atriz Cacilda Becker, nascida em Pirassununga, interior de São Paulo, no dia 6 de abril de 1921, foi protagonista de diversas montagens. Foi presidente da Comissão Estadual de Teatro, em 1968, momento de sua vida marcado pela defesa da classe artística e da liberdade de expressão e pelas críticas abertas à ditadura militar. Morreu em 14 de junho de 1969, aos 38 anos, depois de 38 dias em coma, em consequência do rompimento de um aneurisma durante uma apresentação.

A atrizCacilda Becker, 1958. Foto: Acervo/ Estadão

 

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Carmen Miranda

A portuguesa Maria do Carmo Miranda da Cunha, a Carmen Miranda, nasceu em 9 de fevereiro de 1909, mas mudou-se para o Brasil com sua família com apenas um ano de idade. Fez sucesso como cantora permanente do Cassino da Urca, o local de shows mais famoso na década de 1930. Foi lá que conheceu o empresário norte-americano Lee Schubert, que a levou aos Estados Unidos. Lá atuou em filmes de Hollywood, programas de rádio e televisão. Carmen Miranda marcou a história da música, fazendo sucesso nas décadas de 30 a 50. Faleceu aos 46 anos, no dia 5 de agosto de 1955, devido a um ataque cardíaco fulminante. É intérprete do sucesso O que é que a baiana tem?

Carmen Miranda em cena do filme 'Aconteceu em Havana' (1941), no qual fazia a personagem Rosita Rivas Foto: Twentieth Century Fox

 

Chiquinha Gonzaga

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Compositora, pianista e regente, foi a primeira mulher a conduzir uma orquestra no Brasil. Com mais de duas mil composições no currículo, Chiquinha Gonzaga é autora da primeira marchinha de carnaval da história, Ô Abre Alas. Nasceu no Rio de Janeiro em 17 de outubro de 1847 e morreu em 28 de fevereiro de 1935, aos 87 anos; uma vida longa, mas marcada por muita discriminação: Chiquinha Gonzaga era chamada de 'mulher desquitada', por ter rompido dois casamentos, em pleno século 19. Também participava de rodas boêmias e fumava em público, o que não era considerado adequado para mulheres, à época. 

A compositora e maestrina cariocaChiquinha Gonzaga(1847-1935). Foto: Acervo/Estadão

 

Clarice Lispector

De Tchetchelnik, uma aldeia da Ucrânia então pertencente à Rússia, a batizada com nome de Haia tornou-se Clarice ao chegar a Maceió, no nordeste brasileiro, com quase dois anos de idade, em 1922. Clarice Lispector é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século 20. Seu romance A Hora da Estrela, publicado nos últimos meses de vida da autora, é uma de suas principais obras. Clarice Lispector morreu um dia antes de completar 57 anos, em 9 de dezembro de 1977, em decorrência de um câncer de ovário.

A autora Clarice Lispector Foto: Claudia Andujar

 

Cora Coralina

Nascida no finalzinho do Império, no dia 20 de agosto de 1889, em cidade de Goiás. Ana Lins dos Guimarães Peixoto ficou conhecida pelo seu pseudônimo Cora Coralina, nome com o qual a poeta e contista tornou-se um marco na história da literatura brasileira. Escreveu seu primeiro livro apenas com 76 anos de idade, apesar de ter escrito contos desde sua adolescência. Recebeu o convite de participar da Semana de Arte Moderna de 1922, mas seu marido a impediu de comparecer. Foi colunista regular do Estado e viveu até o dia 10 de abril de 1985, quando tinha 95 anos. 

A autora Cora Coralina. Foto: Museu Casa de Cora Coralina

 

Dercy Gonçalves

A conhecida atriz Dercy Gonçalves nasceu em Santa Maria Madalena, município do interior do Rio de Janeiro, em 23 de junho de 1907. Nos anos 30 e 40, participou do Teatro de Revista Brasileiro; no início da década de 60, era a atriz mais bem paga da TV Excelsior. Também foi apresentadora do Dercy de Verdade, programa de auditório que ficou na grade da TV Globo de 1966 a 1969, quando foi censurado pelo regime militar. Morreu aos 101 anos, no dia 19 de julho de 2008, não sem antes fazer milhares rirem com seus palavrões e senso de humor aguçado. 

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Dercy Gonçalves. Foto: Marcos D'Paula / Estadão

 

Dona Ivone Lara

A cantora e compositora brasileira Dona Ivone Lara, que ficou conhecida como ‘grande dama do samba’, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 13 de abril de 1922. Dedicou-se exclusivamente à música apenas a partir de 1977, já aposentada; um ano depois, lançou seu primeiro LP, Samba, Minha Verdade, Minha Raiz. É autora do sucesso Sonho Meu. A partir daí, consagrou-se como uma das referências mais importantes da música popular brasileira. Dona Ivone Lara morreu aos 96 anos, em 16 de abril de 2018. 

A sambista Dona Ivone Lara Foto: Paulo Vitor/ Estadão

Elis Regina

De carreira meteórica, mas curta - interrompida por sua morte precoce, aos 36 anos, em 19 de janeiro de 1982 -, Elis Regina, nascida em Porto Alegre, em 17 de março de 1945, é considerada uma das maiores cantoras da história do Brasil. Ganhou o primeiro Festival de Música Popular Brasileira, em 1965, realizado pela TV Excelsior, com a canção Arrastão, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes. Elis, que cantava desde os 11 anos em programas de rádio, tinha o apelido 'Pimentinha'. 

Elis Regina interpreta 'Como Nossos Pais, composição de Belchior' Foto: Nubank

 

Elza Soares

Além de ter uma voz inconfundível, que lhe garantiu a eleição de cantora do milênio, em 2000, pela BBC de Londres, Elza Soares tem uma trajetória de luta. Nascida no Rio de Janeiro, no dia 23 de junho de 1930, a cantora encarou a pobreza extrema, o exílio durante a ditadura e a violência doméstica. Perdeu quatro dos seus sete filhos - dois deles, para a fome. Foi casada com o ex-jogador Mané Garrincha. Seu talento foi descoberto no famoso programa de calouros da Rádio Tupi, na década de 50. Salve a Mocidade e Malandro são alguns de seus sucessos. 

Show Elza Soares, no Teatro J.Safra, na Barra Funda Foto: Iara Morselli

 

Fernanda Montenegro

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Frequentemente referenciada como a dama da dramaturgia do Brasil, Fernanda Montenegro nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de outubro de 1929. Com um currículo extenso em diversas novelas e peças e filmes, a primeira atriz contratada pela TV Tupi, em 1951, é a única brasileira já indicada para um Oscar, por sua atuação no filme Central do Brasil, em 1999, que lhe rendeu o Urso de Prata no 48º Festival de Cinema de Berlim. Hoje com 90 anos, já foi convidada para ser ministra da Cultura nos governos Sarney e Itamar, mas recusou as duas ofertas.

Fernanda Montenegro, atriz Foto: Wilton Junior/Estadão

Guiomar Novaes

A pianista Guiomar Novaes nascida em São João da Boa Vista, no dia 28 de fevereiro de 1894, construiu uma reconhecida carreira, sobretudo no exterior. Aos 15 anos, conquistou uma vaga no renomado Conservatório de Música de Paris; pouco tempo depois, já executava, como poucas pessoas, clássicos de Chopin e Schumann. Inspirou Monteiro Lobato, que a conhecia pessoalmente, na construção da personagem Narizinho, do Sítio do Picapau Amarelo.Morreu em 7 de março de 1979, aos 85 anos.

Pianista. "Sua música transcendia", afirma Nelson Freire Foto: Divulgação

 

Hebe Camargo

 

Apesar de ter iniciado sua carreira como cantora de rádio, foi na TV que Hebe Camargo, nascida em Taubaté em 8 de março de 1929, fez sucesso. Aapresentou programas femininos, como O Mundo é das Mulheres, o primeiro do gênero no País. Também comandou programas de entrevistas em grandes emissoras, como SBT, RecordTV e Bandeirantes. Hebe trabalhou até o fim da vida e faleceu em 2012, aos 83 anos, em decorrência de complicações de um câncer.

Hebe Camargo em foto de março de 2012, cerca de seis meses antes de sua morte. Foto: Luciana Prezia / Estadão

Leila Diniz

Apesar de ter participado de 14 filmes, 12 telenovelas e várias peças teatrais, Leila Diniz foi a personalidade ousada e contestadora, em plena ditadura militar, que marcou sua biografia. De Niterói, a atriz, nascida em 25 de março de 1945, escandalizou o Brasil da época ao exibir, de biquíni, sua gravidez, na praia. Em uma histórica entrevista ao O Pasquim, em 1969, recheada de muitos palavrões, disse: "você pode amar muito uma pessoa e ir para a cama com outra. Já aconteceu comigo”. Morreu com apenas 27 anos, no dia 14 de junho de 1972, de acidente de avião, quando voltava de uma viagem a Austrália. 

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Leila Diniz, na foto histórica de 1971. Foto: Acervo Estadão

 

Lygia Fagundes Telles

A romancista e cronista Lygia Fagundes Telles, de 96 anos, foi a primeira mulher brasileira a ser indicada ao Prêmio Nobel de Literatura, em 2016, e uma das pioneiras a estudar Direito no Largo São Francisco. É autora de grandes sucessos como Ciranda de Pedra (1954) e As Meninas (1973). Já ganhou renomados prêmios, entre eles o Camões, o Jabuti e o Candango. Nasceu em São Paulo, em 19 de abril de 1923 e desde 1985 ocupa a 16ª cadeira da Academia Brasileira de Letras

A escritora Lygia Fagundes Telles Foto: Eduardo Nicolau/Estadão

Márcia Haydée

Bailarina e coreógrafa, Márcia Haydée nasceu em 18 de abril de 1937, em Niterói, e estudou na famosa Royal Ballet School, em Londres, tornando-se uma das bailarinas importante do século 20. Em 2015, montou O Som de Dom Quixote com a São Paulo Companhia de Dança, sua primeira coreografia para um grupo brasileiro. Hoje, aos 82 anos, esta à frente da direção do Ballet de Santiago, no Chile, onde vive. Também atua como coreógrafa para outras companhias internacionais.

A bailarina e coreógrafa brasileira Márcia Haydée Foto: Acervo/ Estadão

 

Rachel de Queiroz

Primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras e a receber o Prêmio Camões de Literatura, Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, em 17 de novembro de 1910. Também já ganhou duas edições do Prêmio Jabuti, em 1970 e 1992. Ganhou projeção nacional desde seu primeiro romance, O Quinze, publicado em 1930. Rachel de Queiroz faleceu em sua casa, no Rio de Janeiro, no dia 4 de novembro de 2003. Fazia colunas semanais para o Estado, na década de 80. 

A escritora em evento em São Paulo, SP, outubro de 1971.Rachel de Queirozfoi a primeira mulher a se tornar membro da Academia Brasileira de letras. Foto: Acervo/ Estadão

 

Rita Lee

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Compositora, cantora, instrumentista, escritora. Artistas de muitos atributos, Rita Lee nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947. Fez sucesso na banda Os Mutantes, que, em 1967, apresentou com Gilberto Gil a icônica canção Domingo no Parque, no 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record. A parceria também rendeu o disco-manifesto Tropicália ou Panis et Circensis, junto a outros artistas. Com 55 milhões de discos vendidos, já ganhou um Grammy Latino. 

A compositora, cantora, instrumentista e escritora, Rita Lee Foto: Gabriela Biló/ESTADÃO

Ruth Rocha

A conhecida autora de livros infantis nasceu em São Paulo, aos 2 de março de 1931. Com mais de duzentos títulos publicados e já traduzida para vinte e cinco idiomas, Ruth Rocha já escreveu sobre educação para a revista Cláudia, foi editora da revista Recreio e coordenou o departamento de publicações infanto-juvenis da editora Abril. Seu livro Marcelo, Marmelo, Martelo é um dos maiores sucessos editoriais do País - o best-seller atingiu a marca de setenta edições e vinte milhões de exemplares vendidos. Foi indicada para o prêmio Hans Christian Andersen, considerado uma espécie de Nobel da literatura infantil.

Em casa. Autora de mais de 130 livros, hoje ela cuida de projetos pedagógicos para jovens a partir de3 anos Foto: MOCO FYA/ESTADAO

 

Tarsila do Amaral

 

Autora de Abaporu, pintura brasileira mais valorizada do mundo das artes, Tarsila do Amaral foi uma figura central da primeira fase do movimento modernista do Brasil. Nascida em 1º de setembro de 1886, em Capivari, interior de São Paulo, foi uma das responsáveis pela Semana de Arte Moderna de 1922, que revolucionou a arte brasileira. Morreu aos 86 anos, no dia 17 de janeiro de 1973, na capital paulista. 

Tarsila do Amaral. Foto: Site oficial Tarsila do Amaral

 

Tatiana Belinky

Nascida em Petrogrado, atual São Petersburgo, na Rússia, aos 18 de março de 1919, Tatiana Belinky mudou-se para o Brasil com 10 anos de idade. Jornalista e escritora de livros infanto-juvenis, foi responsável pela adaptação para a TV da obra clássica de Monteiro Lobato Sítio do Picapau Amarelo, com cerca de 350 episódios apresentados entre 1968 e 1969, na TV Bandeirantes. Atuou como colunista de teatro e de literatura infantil em diversos jornais do País, entre eles, o Estado. Morreu em 15 de junho de 2013, aos 94 anos. 

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Tatiana Belinky será eternamente lembrada por ter sido a primeira pessoa, ao lado do marido, a adaptar Monteiro Lobato para a televisão. Morreu aos 94, em 2013. Foto: Valéria Gonçalvez/Literatura

 

Zuzu Angel

 

A estilista brasileira, além de ganhar as vitrines internacionais nos anos 60, criou modelos personalizados para artistas do mundo todo, como a atriz Joan Crawford e a bailarina Margot Fontaine. Para além de sua carreira no mundo na moda, Zuleika de Souza Netto, a Zuzu Angel, ficou conhecida por confrontar a ditadura militar brasileira. Seu filho, Stuart Angel Jones, foi um militante de esquerda assassinado pelo regime, segundo relatório da Comissão Nacional da Verdade. Morreu aos 54 anos, em 14 de abril de 1976, em um suposto acidente de carro na Estrada da Gávea. Hoje, reconhece-se de que se tratou de um atentado, em razão de suas críticas à ditadura. 

Estilista Zuzu Angel, à esquerda, em desfile em Nova York. Foto: Acervo Estadão