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2010: o ano em que faremos contato

ArtFutura, projeto de arte digital que une ciência e tecnologia, sairá pela primeira vez da Espanha rumo a São Paulo e Rio

Por Roberta Pennafort
Atualização:

Quando o festival espanhol ArtFutura surgiu, em 1990, o número de usuários da internet se resumia a 100 mil pessoas em todo o planeta. Os convites foram enviados por carta. No ano seguinte, por fax. Hoje, o volume de internautas supera um bilhão, e a mostra, nascida em Barcelona e expandida para outras 12 cidades espanholas, é tida como a maior dedicada à arte digital no mundo. A exposição Máquinas e Almas, um dos projetos da edição de 2008, levou mais de 350 mil pessoas ao Museu de Arte Reina Sofía, em Madri. Em 2010, parte do que se viu por lá poderá ser conferida em São Paulo e no Rio. Pela primeira vez, o festival, que mistura arte, ciência e tecnologia, sairá da Espanha. "Ao ver a exposição no Reina Sofía, fiquei impressionado e pensei que aquilo tinha de vir ao Brasil", conta Max Perlingeiro, diretor da Pinakotheke Cultural, que traz o ArtFutura ao Brasil como parte das comemorações do 30º aniversário da entidade. "A busca por novas linguagens artísticas é um caminho sem volta. Só voltando à pintura rupestre!" Para Perlingeiro, é difícil explicar o que é o ArtFutura - é preciso ver as obras de perto, "por vezes, até tocá-las". Entre os artistas que mandarão seus trabalhos em 2010, está o espanhol Evru, que investiga novas possibilidades que unam arte e tecnologia. Evru é o codinome de Alberto Porta, que já esteve em três bienais de São Paulo. Com o auxílio de um grupo de programadores, ele criou o Tecura (te-cura), programa de computador que permite a qualquer usuário, até mesmo pessoas com deficiência, desenvolver as próprias obras de arte. Pode ser baixado na internet de graça, pelo site www.tecura.org. "Sempre que eu fazia minhas exposições de pintura, as pessoas diziam que voltavam para casa com vontade de pintar também. Quando você vai a um museu, é sempre algo passivo. Com o Tecura, você pinta, imprime e pode expor o que fez na hora", diz Evru, que, como o curador do festival, Montxo Algora, veio ao Rio para o lançamento da edição brasileira do ArtFutura. O público poderá ver também os incríveis animais do artista e engenheiro holandês Theo Jansen, criaturas robóticas que parecem fósseis em movimento. E a instalação Listening Post, dos norte-americanos Ben Rubin (artista) e Mark Hansen (estatístico), em que pedaços de conversas travadas na rede são destacados num grande painel. Do espanhol Daniel Canogar, virá Palimpsesto, conjunto de projeções e instalações formado por lâmpadas que acendem e apagam conforme a aproximação das pessoas. A maior parte das obras é interativa - uma das razões do sucesso do ArtFutura. Aqui, as sedes serão o Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, o Museu de Arte Moderna do Rio e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, e as exposições deverão ficar em cartaz por um período longo: entre julho e dezembro de 2010. A diretora do MIS, Daniela Bousso, quer organizar conferências e workshops paralelos. Na condição de curadora, ela vai selecionar artistas brasileiros que se dedicam à arte digital para fazer parte das mostras.

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