Zuenir e Verissimo se conhecem há muito tempo, criando uma camaradagem já cristalizada. E, mesmo não havendo praticamente nenhuma discordância entre eles, a conversa sempre é agradável. Ambos confessaram, por exemplo, a indisposição para escrever - Verissimo preferia ser músico, enquanto Zuenir gosta mais de ler.
Também revelaram suas suspeitas sobre a recente ação policial carioca no Complexo do Alemão - "por que agora e não antes?", questionou Verissimo. "Teremos finalmente a cidadania implantada lá?", completou Zuenir. Ambos, no entanto, aprovaram os resultados.
Os amigos falaram também sobre a finitude da vida, um dos temas, aliás, tratados no livro. Zuenir, que completa 80 anos em 2011 com invejável disposição física e intelectual, garante não ser saudosista, não gosta de viver do passado, tampouco se preocupa com o futuro. "Meu tempo é o agora", disse. Já Verissimo não escondeu um certo temor com o avançar da idade (faz 75 em 2011, também com admirável estado de espírito), embora também não se afunde em nostalgia. Ambos pareceram dois senhores muito bem resolvidos, dispostos agora a curtir as netas. "Gosto de imaginar como será Lucinda no futuro, especialmente na época em que não estarei mais por perto", disse Verissimo.
Foram duas horas deliciosas, com muito bom humor e perspicácia. O mesmo clima que marca o livro Conversa Sobre o Tempo que, aliás, recomendo a leitura para quem gosta de boas reflexões e lembranças. Verissimo, aliás, comenta sobre seu pai, Erico, um tema que poucas vezes eu o vi tratar publicamente. Só por isso, valeria a pena.