Com isso, "Hair" terá de encontrar outra casa que o abrigue. O que não tem sido fácil, pois os palcos paulistanos (ao menos, os de no mínimo boa qualidade) vivem com o calendário lotado, deixando algumas produções na esperança de surgir uma brecha inesperada.
E um musical não pode ser apresentado em uma casa qualquer - é preciso, no mínimo, um espaço confortável para abrigar elenco e cenários e, principalmente, de um lugar reservado para a orquestra. Essa falta de espaços adequados obriga, em alguns casos, que os músicos fiquem escondidos, atrás do cenário, surgindo para o público apenas ao final do espetáculo. Isso acontece no Rio e em São Paulo - lembro, por exemplo, de ter assistido "O Despertar da Primavera" no Teatro Villa-Lobos, no Rio, e no Sérgio Cardoso, em São Paulo, e ambos não têm fosso para orquestra. É uma pena pois o som ganha uma vitalidade única quando produzido naquele espaço em que, normalmente, só conseguimos enxergar a cabeça do maestro e, de vez em quando, suas mãos regendo. E, convenhamos, os músicos são tão importantes quanto o elenco em um musical.
Precisamos de mais espaços adequados para musicais, no Rio e em São Paulo, onde esses espetáculos são montados com mais frequência. E chega de casas de shows adaptadas - ali, o espaço é para shows, no qual o vaivém de garçons e o irritante som de tilintar de talheres e abrir de latas de cerveja e refrigerante são quase suportáveis. Um musical exige a mesma concentração de qualquer outra peça teatral, não pode ser menosprezado ou tratado como um espetáculo musical.
Logo teremos novos espaços na região da Funarte, em São Paulo, com a abertura de salas teatrais ao que parece muito bem equipadas. Logo trarei mais novidades, mas aparentemente nenhuma dela se prepara para receber musicais. Essa mentalidade tem de mudar.