Foto do(a) blog

Na cena e na escrita

Morre o cineasta Julio Calasso

O cineasta Julio Calasso morreu na sexta-feira, 11, aos 80 anos, de problemas decorrentes de complicações cardíacas - ele se submeteu a uma cirurgia de um aneurisma na aorta femural, que tinha sido adiada várias vezes, por causa da pandemia. O atraso acabou sendo fatal.

PUBLICIDADE

Foto do author Ubiratan Brasil
Por Ubiratan Brasil
Atualização:

Julio Calasso. Cineasta que também atuou no teatro e na música. Foto Reprodução Facebook Foto: Estadão

Produtor musical, roteirista, ator, além de diretor de cinema e teatro brasileiro, Calasso escreveu e dirigiu longas como Longo Caminho da Morte, de 1972, estrelado por Othon Bastos e Dionísio Azevedo. Também os documentários Plínio Marcos Nas Quebradas do Mundaréu, de 2015, com a participação de Neville d'Almeida e Tônia Carrero, e ainda O Incrível Encontro, Electra na Mangueira e Electra no Municipal.

PUBLICIDADE

Empolgado com a arte, disposto sempre a participar de projetos de amigos e desconhecidos, Calasso foi homenageado por diversas personalidades do cinema. "Ele foi um das primeiras pessoas a me estimular a organizar mostras de cinema, lá nos anos 1980", escreveu, no Facebook, o produtor Francisco Cesar Filho. "Em sua carreira se cruzam direções (Longo Caminho da Morte, Plínio Marcos nas Quebradas do Mundaréu), produções de cinema (O Bandido da Luz Vermelha, Desordem em Progresso/City Life) e de álbuns (Moraes Moreira, Itamar Assumpção, Joelho de Porco, Novos Baianos), inúmeras atuações e até a criação de várias padarias e da primeira lavanderia self-service de São Paulo."

O que a maioria destaca, além do sorriso, era a voz marcante, grossa, poderosa, o que possibilitou ser convidado para participar como ator em vários filmes como em A Grande Noitada, dirigida em 1997 por Denoy de Oliveira.

"Calasso era expansivo, falava alto, performava, ao mesmo tempo esbanjava uma simpatia torta", escreveu o repórter e cineasta Gabriel Carneiro, em sua conta de Facebook. "Estava empolgado com os trabalhos como ator que estavam aparecendo, me escrevia às vezes perguntando se tinha filme novo. No final de 2016, encontrei um Calasso nervoso, coisa que não parecia pertencer a ele. Seu primeiro longa, Longo Caminho da Morte, seria exibido em cópia restaurada, nova, na Mostra Cinema de Invenção, no Cinesesc. Estava naquele misto de alegria e tensão, como se estivesse mostrando um filme novo. Era, de certa forma. À época, nos anos 1970, pouco se notou o filme. O longa ganhava nova vida, visto por novas gerações. É um filmaço, não seria pra menos."

Casado com minha tia materna Zuleica, Julinho, como era conhecido na família, deixou os filhos, meus primos, Igon, Pedro Juan, Diego e Julia Morena. "Um poço de fertilidade, invenção e reinvenção", homenageou Pedro. "Obrigado por tudo, Zé do Rock, mick jaguer da boca do lixo, grande seu Júlio, conhecido também como Julio Calasso, nosso pai, nosso amigo pra todas as horas!", escreveu Diego.

Publicidade

Seu vozeirão ainda ecoa em nossas lembranças, assim com o olhar sempre interessado e o sorriso amigável.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.