Um presidente acuado pela opinião pública e assombrado pela delação de aliados diz ao país em rede nacional (e com o dedo em riste) que não vai desistir.
Massacrado nos programas políticos da TV e alvo de protestos de rua, o chefe do executivo assiste a oposição no Congresso pedir uma investigação que tem tudo para culminar em impeachment, mas ele se agarra ao cargo.
O primeiro impulso de quem já mergulhou de cabeça na quinta temporada de House of Cards, que chegou hoje à Netflix, é buscar elementos de comparação entre a ficção na Casa Branca e a narrativa surreal do noticiário em Brasília.
O departamento de marketing do canal de streaming já vinha explorando os paralelos. Uma ideia oportuna, diga-se.
Em um vídeo promocional postado nas redes sociais, o assessor Doug Stamper, homem de confiança de Frank Underwood, enviou uma mensagem especial e enigmática aos fãs brasileiros da série: "Povo brasileiro, isso não é uma competição. Vocês nunca sabem de onde as pessoas podem tirar inspirações. Fiquem atentos".
https://www.facebook.com/HouseofCardsBrasil/videos/1091128297687010/
No transcorrer dos 13 novos episódios, porém, Washington se afasta de Brasília. Por mais tentador que seja comparar a saga de Frank com a descida ao inferno de Michel Temer, é Donal Trump que está servindo de inspiração.
Não por acaso, a quinta temporada se desenrola a partir da última frase do derradeiro episódio da quarta: "Nós não vamos nos submeter ao terror. Nós o criamos".
No momento que porta-aviões norte-americanos se aproximam da Coreia do Norte, Frank aposta todas as suas fichas em uma guerra contra o terror para desviar a atenção da imprensa. Em paralelo, atua com habitual truculência nos bastidores da disputa eleitoral que se avizinha.
Juntos, Frank e Claire exalam determinação e engajamento na causa que une o casal: o poder.