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Regra do Jogo revolta portadores de esclerose múltipla

"Romero não sente nada. Passa estresse, pressão, sofre espancamentos, tem duas mulheres e é uma máquina de fazer sexo. Meu medo é virar chacota", desabafou uma portadora

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Por Pedro Venceslau
Atualização:

SAO PAULO / 31/08/2015 / CADERNO 2 / Cena da novela Regra do Jogo / Romero ( Alexandre Nero ). Crédito: Globo/João Miguel Júnior Foto: Estadão

Quando o ex-vereador, ativista e gângster Romero Rômulo foi diagnosticado com esclerose múltipla na novela "A Regra do Jogo", no começo de setembro, os portadores da doença acreditaram que o folhetim entraria de cabeça no tema.

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A expectativa era que o roteiro tratasse do assunto com o cuidado, respeito e profundidade que fizeram da teledramaturgia da Globo uma referência internacional na "difusão de conhecimento" sobre questões delicadas.

A própria emissora, afinal, difunde a responsabilidade social como um lema. "Desde 1995, só nas telenovelas foram mais de 12 mil cenas de conteúdo socioeducativo, incluindo "Malhação", que representa aproximadamente 30% das inserções a cada ano. A prática inovadora do Merchandising Social deu à TV Globo, em 2001, o Business in the Community Awards for Excellence, o mais conceituado prêmio de Responsabilidade Social do mundo, na categoria Global Leadership Award", diz um texto publicado no site do canal.

Quase cinco meses depois de Romero receber o diagnóstico, porém, a comunidade dos portadores de esclerose múltipla se revoltou com "A Regra do Jogo". Em grupos de debates nas redes sociais e em vídeos publicados no Youtube a reclamação é a mesma: a novela esqueceu da doença.

"Quando surgiu a possibilidade da novela falar sobre a doença, toda a comunidade ficou satisfeita pois era algo desconhecido. As pessoas associam (a esclerose múltipla) com demência e enlouquecimento, o que não é verdade", disse Kennia Ravaioli em um vídeo postado no dia 21 e que já tem mais de 30 mil compartilhamentos.

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"A novela se perdeu no assunto, que só foi tratado em dois capítulos. Romero não sente nada. Passa estresse, pressão, sofre espancamentos, tem duas mulheres e é uma máquina de fazer sexo. Meu medo, como portadora, é virar chacota. As pessoas não sabem a fadiga extrema que nós sentimos", diz ela, em seu "recado para os autores".

A Globo, que em O Portador" (1991) foi ousada ao falar sobre a urgência da prevenção à Aids; em "Laços de Família" (2000) incentivou a doação de medula óssea, em "O Clone" (2001) tratou sem retoques da dependência química e em"Páginas da Vida" (2006-7) incorporou com delicadeza a temática da Síndrome de Down, dessa vez não deu o mesmo tratamento à esclerose múltipla.

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