Pedro Venceslau
23 de junho de 2015 | 15h47
O maior narcotraficante da história era gordinho, usava o cabelo penteado para o lado e um bigode descuidado que invadia a boca. Digam qualquer coisa sobre Pablo Escobar, mas ele infelizmente não tinha a menor pinta de gângster. Com 74 episódios, a série colombiana (ou seria novela?) “Pablo Escobar: O senhor do tráfico”, produzida pela TV Caracol e exibida ano passado no Brasil pelo Globosat, mostrou o mito exatamente como ele era.
Apesar de bilionário, o sujeito tinha aspecto de homem do povo, daqueles que não chama atenção na fila do banco nem arranca suspiro das mulheres. A série, que baseou-se na biografia “Pablo Escobar: ascensão e queda do grande traficante de drogas (Editora Planeta)”, teve como protagonista o ator Andrés Parra, que parece muito com o personagem. Quem leu o livro, viu a novela colombiana ou acompanhou a trajetória de Pablo pelos jornais nos anos 80 certamente levará um susto ao assistir o filme “Escobar: Paradise Lost”, com o galã Benicio del Toro no papel principal.
Dizem que ele até engordou para encarar o personagem, mas não foi o suficiente. O Pablo que se vê no filme, um longa de ação sem maiores pretensões, mais parece um daqueles mafiosos calculistas e impenetráveis da trilogia “O Poderoso Chefão”.
A grande expectativa agora é com a estreia da série “Narcos”, que o Netflix deve estrear ainda esse ano. A atração é dirigida por José Padilha. O que isso significa? Que o soteropolitano Wagner Moura irá interpretar o vilão colombiano. Por mais versátil que seja o protagonista de Tropa de Elite, não basta deixar o bigode crescer e ganhar uma barriga saliente para tornar verossímil o personagem.
Se fosse realmente ousado, Padilha teria chamado Andrés Parra, aquele da série original, para o papel principal.
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