Pedro Venceslau
08 de dezembro de 2015 | 19h28
Quando House of Cards entrou em cartaz no Netflix muita gente comparou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com seu “colega” norte-americano Frank Underwood (DEM). Com o desenrolar da crise política (e da série) a “semelhança” passou a ser apontada em outra direção: o Palácio do Jaburu, sede da Vice-Presidência.
A brincadeira virou febre nas redes sociais. Os mais fanáticos pela série lembram que o episódio da carta de Temer para Dilma encontra um paralelo na ficção.
Quando ainda era o segundo na linha sucessória, Frank também enviou uma carta para o titular, Garrett Walker (DEM). Mas não foi para reclamar de falta de atenção (nem foi escrita em latim).
O democrata também não escolheu a palavra “verba” para introduzir uma queixa tão delicada: “Verba volant, scripta manent” (As palavras voam, os escritos permanecem).
Foi, pelo contrário, uma mensagem de apoio tão comovente e sincera que tirou da cabeça de Walker qualquer sombra de paranoia de que seu vice o estivesse traindo.
No auge da crise, quando o comandante dos Estados Unidos estava isolado em seu gabinete e sendo triturado pela opinião pública, Frank sempre esteve ao seu lado. Underwood não deixou de frequentar a Ala Oeste da Casa Branca e não se esquivou de aparecer ao lado do presidente em entrevistas coletivas.
Ele foi, enfim, um vice ponta firme. Pelo menos era isso que Garret Walker achava, tanto que baixou a guarda. A carta “pessoal” de Frank para Garret foi, de fato, pessoal. O vice do Netflix não mandou uma cópia oculta para a CNN, Washington Post e New York Times.
O democrata da série, vale lembrar, não reclamou de ser um “vice decorativo”, como disse Temer em seu “desabafo privado”. No final das contas, Frank chegou lá. E quem viu a série sabe que não foi, digamos, de forma muito republicana
Como bem lembrou a jornalista Cristina Padiglione, colunista de TV do Estadão, quem reclamava muito do papel decorativo era Selina Meyer, a divertida vice presidente da série Veep. Mesmo assim ela só “desabafava” entre quatro paredes quando era “esquecida” pelo titular, o que acontecia com frequência.
Confira abaixo na íntegra a carta de Frank
Dear Mr. President,
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