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Partituras sem contratempos

Rei dos bailinhos, aos 72 anos Johnny Rivers continua na estrada.

Bem antes das baladas, ele reinou absoluto nos bailinhos. Sua música embalou muita dança de rosto colado e foi trilha sonora de casais românticos. Aos 72 anos, Johnny Rivers mantém sua carreira de sucessos e revisita antigos hits em 'Live at Cache Creeck'. Guitarrista desde os 8 anos, Johnny Rivers já vendeu mais de 30 milhões de discos. É o cantor favorito dos nostálgicos dos anos 60.

Por Carlos de Oliveira
Atualização:

Houve um tempo, não muito tempo, em que mocinhos cheirando a Lancaster e mocinhas com maquiagem discreta costumavam dançar juntinhos, de rosto colado, em bailinhos promovidos nas noites de sábado, na casa de alguém da turma. O ambiente era familiar, comportado e o máximo da transgressão era fumar (cigarro), beber uma cuba-libre ou roubar um beijo. As baladas só viriam anos depois.

Johnny Rivers: sucessos românticos e covers de Chuck Berry. Foto: Estadão

Rivers teve discos gravados ao vivo no Whisky a Go Go, em Los Angeles: sucessos. Foto: Estadão

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Ponche e canapés - Se o bailinho fosse na casa de um garoto abonado (com dinheiro, mas não necessariamente rico), haveria a possibilidade de haver ponche e canapés: quadradinhos de pão de forma, uma camada fina de maionese e uma rodela de pepino em cima. Para embalar a moçada das 20h à meia-noite, os LPs giravam na vitrola. E um deles era o mais requisitado, um que tocava até quase furar: o mais romântico, o de Johnny Rivers.

Ouça Do You Wanna Dance:

Senha - Os primeiros acordes de Do You Wanna Dance era a senha para que garotos corressem e tirassem as meninas para dançar. E o baile seguia com Poor Side of Town, Summer Rain, Baby I Need Your Lovin' e The Tracks of my Tears. Na hora de dançar solto, Johnny Rivers atacava com It's Too Late, Secret Agent Man ou Midnight Hour. Fazia tanto sucesso no Brasil que seu LP Realization, de 1968, rivalizou em vendas com os dos Beatles. Antes disso, porém, em 1966, Johnny Rivers veio ao Brasil e impressionou ao, além de cantar sucessos, tocar sua Gibson 335 cherry com destreza.

Antes de desembarcar por aqui com seus hits, Rivers batalhou muito nos Estados Unidos, onde nasceu em novembro de 1942, com o nome de John Henry Ramistella. Natural de Nova York, o Rivers de seu nome artístico seria adotado mais tarde, em razão de uma cheia do rio Mississippi na cidade de Batton Rouge, na Louisiana, onde morou desde muito jovem.

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'Covers' - O sul dos Estados Unidos sempre foi muito musical e isso influenciou o jovem John a se interessar pela guitarra já aos oito anos. Aos 14 fez sua primeira gravação. Aos 16 anos voltou para Nova York para ser músico e aí adotou o Rivers em seu nome. Voltou para o sul, esteve em Nashville e passou a compor. Produzia e gravava demos, ganhando 25 centavos de dólar por música que conseguia vender. Especializou-se em cantar covers, especialmente de Chuck Berry.

'Realization', disco de 1968: barbudo e cabeludo, em fase de paz e amor. Foto: Estadão

Ouça By The Time I Get to Phoenix, de Jimmy Webb:

No início dos anos 60 mudou-se para a Califórnia e em Los Angeles começou a conhecer o sucesso. Em 1964, foi contratado pela recém-inaugurada Whisky a Go Go e lá gravou muito material ao vivo, baseado em covers de Berry, Carl Perkins, Beach Boys, Smokey Robinson e em composições próprias. Em 68, já cabeludo e barbudo não passou imune à onda lisérgica e lançou Realization, já citado acima, uma espécie de coletânea que ia de Hey Joe (que fora gravada por Jimi Hendrix) a By the Time I Get do Phoenix, de Jimmy Webb, autor de MacArthur Park, entre outras.

'Live at Cache Creeck', o disco mais recente de Johnny Rivers. Foto: Estadão

Nostálgicos - Johnny Rivers veio várias vezes ao Brasil, a última em 2010. Curiosamente, duas de suas músicas só fizeram sucesso (e muito sucesso) por aqui, passando despercebidas nos Estados Unidos: justamente Do You Wanna Dance, um original dos Beach Boys, de 1961, e It's Too Late. Isso não lhe tira os méritos, já que Rivers vendeu mais de 30 milhões de discos em todo o mundo. Chegou a tocar para 70 mil pessoas no Parque do Ibirapuera. Boa parte do público era de nostálgicos de um tempo em que balada era só um tipo de música, um tempo em que nos bailinhos se dançava de rosto colado.

 

 

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