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Partituras sem contratempos

Uma lágrima pelos 47 anos sem Janis Joplin

Janis Joplin, como tantos outros astros da década de 60, morreu aos 27 anos. Isso foi há 47 anos, na madrugada de um 5 de outubro de 1970, em um quarto de hotel em Hollywood. Heroína e álcool a mataram. Com ela se foram uma voz e uma atitude marcantes do blues. Seu velório durou uma semana e suas cinzas foram espalhadas no Oceano Pacífico. A menina loira e rebelde do Texas ainda não tem uma sucessora. Talvez nem venha a ter.

Por Carlos de Oliveira
Atualização:

Não fossem alguns sites especializados, uma lembrança aqui e ali nas rede sociais e os 47 anos da morte de Janis Joplin não iriam além daquelas notinhas de pé de página que saem em seções de efemérides. Curioso isso. Afinal, nem faz tanto tempo assim que a cantora nascida em Port Arthur, Texas, em 19 de janeiro de 1943, foi levada pela heroína e pelo álcool num quarto de hotel de Los Angeles. Era a madrugada do dia 5 de outubro de 1970 e Janis tinha 27 anos. Foi cremada uma semana depois e suas cinzas jogadas no Pacífico.

Janis Joplin e sua inseparável garrafa de Southern Comfort: o uísque 'red neck' e a heroína foram os responsáveis por sua morte precoce, aos 27 anos, em 1970.  Foto: Estadão

Loirinha rebelde - A loirinha texana de olhos azuis, baixinha, fortinha e com o rosto marcado pelas espinhas parece nunca ter saído da puberdade. Era rebelde, embora as poucas fotos de seu tempo de escola mostrem uma menina supostamente comportada, de cabelos arrumados. Porém, como nativa de um estado conservador, ela destoava.

A jovem Janis em tempos de escola em sua cidade natal, no Texas. Aos 17 anos, rebelde, iria para San Francisco.  Foto: Estadão

O uísque Southern Comfort: vício desde muito jovem.  Foto: Estadão

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Cantava blues desde menina, inspirada por Big Mama Thornton e Bessie Smith. Gostava do folk. Aos 17 anos foi para San Francisco e encantou-se com os poetas da geração beat. Trabalhou como cantora e passou a usar drogas, especialmente a heroína. Entornava garrafas de uma beberagem barata feita à base de uísque 'red neck' e frutas chamado Southern Comfort. Sua saúde deteriorou-se e ela voltou para sua cidade natal e se tratar.

Em Monterey - Em 1963 já estava de volta a San Francisco, juntando ao Big Brother & The Holding Company, uma banda local de blues, ligada às hordas de hippies que perambulavam pela esquina das ruas Haight e Ashbury e adjacências. Gravou um álbum com o mesmo nome da banda. Sucesso, nenhum. Em 1967 participaram do Festival de Monterey. A voz rouca e doída de Janis, além de uma atitude de palco que ia do frenético à exaustão mostraram o caminho.

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'Cheap Thrills', álbum de maior sucesso de Janis Joplin, com a Big Brother & The Holding Company. A capa é de Robert Crumb.  Foto: Estadão

Em 1968 gravaram o álbum Cheap Thrills, provavelmente o maior sucesso do grupo, com uma releitura épica de Summertime, de George Gershwin, ária da sua ópera Porgy and Bess, de 1935.

Ouça Janis Joplin cantando Summertime, de George Gershin:

Ouça a versão de Janis Joplin para To Love Somebody, dos Bee Gees:

Ouça a versão original de To Love Somebody, com os jovens Bee Gees, em 1967:

Na capa de 'Pearl' seu quarto e último álbum, a mesma garrafa de Southern Comfort nas mãos.  Foto: Estadão

Álbum póstumo - Nesse mesmo ano deixou a Big Brother e formou a Kozmic Blues Band. Gravou o álbum I Got Dem Ol' Kozmic Blus Again Mama! e deu nova vida a To Love Somebody, da dupla Robin e Barry Gibb, dos Bee Gees. Cantou em Woodstock, desfez a banda e formou outra, a Full Tilt Boogie Band, e com ela gravou o álbum Pearl, lançado postumamente, em 1971.

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Janis no carnaval carioca, em fevereiro de 1970, meses antes de morrer.  Foto: Estadão

Em fevereiro de 1970 esteve no Rio de Janeiro, divertiu-se no carnaval, ficou hospedada no Copacabana Palace, fez topless na praia e passou uns dias com um grupo de hippies em Arembepe, na Bahia.

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A morte - Janis teve carreira curta, com apenas quatro discos. Sua vida foi igualmente curta. Tudo indica que morreu à noite, depois de ter deixado o estúdio Sunset Sound Recorders, onde foi checar a base musical de Buried Alive in the Blues. A voz seria gravada no dia seguinte, mas Janis não apareceu para cantar.

Foi encontrada morta, caída entre as duas camas do quarto que ocupava em um hotel de Hollywood. Overdose de heroína associada a um excessivo consumo de álcool. Com Janis foi-se precocemente uma das vozes mais marcantes do blues. Branca, de um sul marcado pelo preconceito racial, Janis equipara-se às divas negras do blues como Billie Holiday e Bessie Smith. Não poderia estar em melhor companhia.

 

 

 

 

 

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