Carlos de Oliveira
04 de março de 2016 | 20h24
Todos sabem que Robert Allen Zimmerman abriga em si um poeta de nome Bob Dylan. Todos sabem também que Dylan está entre os mais importantes compositores norte-americanos. Não é exatamente um bom cantor, mas sua voz anasalada pode ser reconhecida até por quem não gosta dele… ou principalmente por quem não gosta dele. É pintor. É ator. Na semana passada revelou ser um bom homem de negócios.
Bob Dylan: de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões por cerca de seis mil itens de sua coleção particular.
Por uma quantia estimada entre US$ 15 milhões e US$ 20 milhões, Dylan vendeu sua coleção privada de letras manuscritas, gravações de áudio e vídeo, além de contratos e cartas particulares para a Fundação Kaiser Family George e para a Universidade de Tulsa, no estado americano de Oklahoma, num total de seis mil itens.
Para estudiosos – Por ora, todo esse acervo ficará guardado no Gilcrease Museum, mas com acesso restrito a estudiosos e especialistas na obra de Dylan. É possível que num futuro próximo os principais destaques da coleção sejam colocados em exposição pública, mas tudo ainda depende de tratativas entre o compositor e os novos detentores de sua coleção.
Embora os itens ainda sejam de consulta exclusiva de estudiosos, o jornal The New York Times adiantou que no acervo estão, por exemplo, as anotações que deram origem ao álbum Blood on the Tracks, o décimo quinto de Dylan, lançado em 17 de janeiro de 1975. Segundo o Times, no pacote estão também as letras manustritas de Chimes of Freedom, Ballad of a Thin Man e de Dignity.
Livro – Há ainda filmes de shows de Dylan realizados no Massey Hall, em Toronto, em 1980; no Supper Club de Nova York, em 1993, e ensaiando para o Rolling Thunder Revue, em 1975. O NYT informa que entre as peças vendidas por Dylan estão também o manuscrito de seu livro Tarantula, de 1971, centenas de rolos de fitas e até um cartão postal enviado a ele em 1978, por Barbra Streisand.
Os fundos para a realização da transação foram providos por George B. Kaiser, do BOK Financial Corporation, numa operação comandada por Glenn Horowitz, um negociante de livros raros de Nova York. Calcula-se que a coleção de Dylan possa valer até US$ 60 milhões, mas o cantor/compositor aceitou cerca de um terço dessa quantia, já que ela iria para um museu e uma universidade.
Veja e ouça a versão dos Rolling Stones para a música Like a Rolling Stone, de Bob Dylan, lançada em 1965. O manuscrito com a letra da canção foi vendido há dois anos por US$ 2 milhões:
Manuscrito e guitarra – Essa não é a prima vez que Dylan negocia algo de sua propriedade, relacionada com sua carreira. Há dois anos, o manuscrito de Like a Rolling Stone foi vendido por mais de US$ 2 milhões. A guitarra Fender Stratocaster com a qual tocou no festival folk de Newport, em 1965, foi leiloada em 2013 e vendida pelo lance de US$ 1 milhão.
Aos estudiosos da obra de Bob Dylan, está aberta uma rara oportunidade de ter contato com seu baú de recordações. Aos meros (mas fiéis) admiradores do artista resta aguardar o dia em que o material seja colocado à disposição para consulta e admiração.