Os Beatles são sempre apresentados como sinônimo de originalidade. Na música, na estética, no comportamento, na perenidade de sua obra. Mas houve um dia em que eles não foram nada originais. Há quem diga até que foram meros plagiadores. Esse dia foi o 30 de janeiro de 1969, quando os quatro músicos reuniram-se pela última vez em uma apresentação ao vivo no telhado da sede da Apple, na 3 Saville Row, em Londres, há exatamente 47 anos.
Mas onde, afinal, não foram originais? Não foram originais naquilo que é mais importante para alguém criativo: na ideia. Na ideia de fazer um concerto no teto de um edifício. No dia 7 de dezembro de 1968, ou seja, um ano e 23 dias antes, a banda norte-americana Jefferson Airplane fez um concerto-relâmpago no teto do Schuyler Hotel, no centro de Nova York.
Jean-Luc - A pessoas que moravam, trabalhavam ou apenas passavam pelo midtown nova-iorquino foram surpreendidas por gritos que vinham de microfones muito amplificados: "Hello, New York! Wake up, you fu..ers! Free music! Nice songs! Free love!" Muita gente correu até as janelas para ver o que se passava. Tudo foi registrado por umolhar de alto pedigree cinematográfico, o cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, como parte de seu projeto inacabado One AM.
Veja, com imagens de Jean-Luc Godard, o Jefferson Airplane tocando no teto de hotel em Nova York:
Como o Jefferson Airplane não tinha permissão para tocar naquele local (e sob a ameaça de serem todos presos por perturbação da ordem pública), o concerto teve apenas uma música: uma versão toda empolada de The House at Pooneil Corners. Diante da determinação policial, a banda resignou-se e abandonou o Schuyler Hotel, à exceção do ator Rip Torn, amigo dos músicos, que foi preso por desacato.
Se os Beatles foram plagiadores a história dirá. Enquanto isso não acontece, o fato é que há 47 anos alguém sempre cita (e lamenta) o último concerto público da banda. Ao Jefferson Airplane o crédito da originalidade.