Existir no automático não é viver, sua alma sabe disso, mas a personalidade, indolente e preguiçosa, não faz o necessário todos os dias para renovar o contrato com a intensidade que anseia experimentar, mas que nunca acontecerá sem esforço.
Várias vezes nossa humanidade experimentou a intensidade do contato com seus ideais, com seus sonhos, com suas mais elevadas paixões, porém, muitas mais vezes enterrou essas experiências vitais sob camadas e mais camadas de repetições automáticas e formais de atitudes mediante as quais se acomodou a uma realidade muito inferior à que merece.
De vez em quando, como agora, retorna com força total a sensação de ter perdido algo no caminho e, mesmo que não haja consciência perfeita do que seria isso, pelo menos o sinal já é suficiente para evocar uma resposta.
Uma só resposta não será suficiente para contrabalançar anos e mais anos de repetições vazias, é imprescindível reconhecer o chamado em primeiro lugar, e a seguir sustentá-lo com a mesma assiduidade com que o ardor original foi enterrado.
Dá trabalho, mas é este o trabalho que proverbialmente enobrece.