Nenhuma oportunidade de apreciar a beleza deve ser desperdiçada, mas atenção! Apreciar a beleza facilmente degringola na avacalhação.
A adoração da beleza é a aproximação respeitosa, silenciosa até, na sutil e recôndita tentativa de absorver um pouco de seus eflúvios.
Nossa humanidade é preparada para isso, segue espontaneamente atrás de tudo que emane brilho, inteligência e beleza.
Porém, como há sempre também um quê de inveja envolvida nessa aproximação, além de cobiça, não é raro que essa vontade se veja contaminada por esculacho e menosprezo, tal qual fez o lobo com as uvas na fábula de Esopo, quis porque quis tê-las para si, executou mil e uma manobras, quando percebeu que as uvas não seriam dele, então as menosprezou afirmando que estavam verdes.
Menosprezar a beleza deve ser, ao meu ver, o único pecado capital, um atentado contra a própria Vida, que tão graciosa e misteriosamente se manifesta nos produzindo encanto e maravilha.
Neste momento você pode não apenas prestar a devida veneração à beleza como também produzi-la, mas sem o apego ao resultado de ter gente reverenciando-a.