Nós, como Minotauros, estamos encerrados no centro do labirinto que nossos próprios passos criaram, e a saída de lá não depende de palavras sagradas nem do sacrifício que nossos Irmãos e Irmãs Maiores fizeram ao longo da história espiritual, mas de nós revermos a teia sutil, porém firme, de desejos e ambições que construímos minuciosamente ao longo do tempo.
Todas as promessas vãs, todas as mentiras, todos os acertos e os benefícios que compartilhamos, enfim, todas nossas aventuras e desventuras passam como um filme de um microssegundo no qual se sintetiza tudo que fizemos e o que deixamos de fazer.
Nesse momento se desenha a perspectiva de libertação, de dar adeus ao ser que nos acostumamos a ser e dar a bem-vinda a outro ser, renovado e reinventado, capaz de compreender o poder de desejar que, sem mestria no seu uso, se volta contra quem o brandir, nos encerrando no centro do labirinto que nossos próprios passos criam.