O feriadão não acabou! Você acabou de ganhar uma renovação de sua licença cósmica para se despreocupar e viver este dia como se estivesse no ápice de suas melhores férias, aquelas caracterizadas por você não ter pressa, não sentir pressões nem urgências para cumprir deveres, com a alma plenamente dedicada ao "dolce far niente".
Porém, como o mundo tem uma inércia que lhe é própria e cuja influência é contagiante, principalmente nas grandes cidades, onde as pessoas sentem culpa quando não fazem algo objetivo e considerado útil, você vai ter de usar sua força de vontade para exorcizar os pensamentos preocupantes e os sentimentos opressivamente angustiantes.
Decida se despreocupar, simplesmente decida não participar da ciranda angustiante que oprime nossa humanidade, fazendo-a acreditar que se não faz algo considerado útil e objetivo que então seria um estorvo para o mundo.
A prática do ócio é fundamental, nossa humanidade é muito melhor quando está leve e despreocupada.
Alguns criticarão a afirmação anterior dizendo exatamente o contrário, que a preguiça (não o ócio) é o terreno fértil onde age o demônio. Porém, tal afirmação é meia verdade, pois a preguiça só funciona assim nas pessoas que anteriormente já foram oprimidas pelo moralismo excessivo e por uma engrenagem que não as trata bem, mas que também as oprime fazendo-as se sentirem inúteis. Nesse tipo de situação, sim, a preguiça é caldo de cultivo dos vícios.
Contudo, se você dosar sem culpa nem pudor os momentos de objetividade com os de despreocupação, verá logo que o ócio não fomenta vícios, mas que, pelo contrário, os anula.