Kierkegaard estava enganado quando afirmou que a única certeza que nossa humanidade poderia ter a respeito da vida seria sua própria morte. Porém, é um engano que pegou e que continua se disseminando e sendo repetido à exaustão sem senso crítico.
Francamente, a morte não é a única certeza.
Podemos todos também ter a certeza de que nossos estados de ânimo flutuarão. Contamos com a certeza de que o amor nos tocará o coração e de que no silêncio da alma teremos de decidir o que fazer com isso. Também é certeza que a experiência do amor rasgará nosso coração. Contamos com a certeza de que inevitavelmente nos relacionaremos com outras pessoas. Contamos com a certeza de que nos cansaremos, que nos recuperaremos do cansaço, que teremos fome, sede, e que faremos o possível para mitigar a fome e a sede.
Olha, são tantas as certezas com que podemos contar que não quero me dar ao trabalho de alongar a lista, você fará a sua em especial, mas chegaremos sempre a conclusão de que Kierkegaard estava enganado.
O inevitável está sempre perto de nós, às vezes mais perto do que outras, e se não gostamos de pensar nisso e preferimos achar que só a morte nos ameaçaria a liberdade de escolher, pois então o engano será nossa existência.
Porém, que o inevitável está sempre rondando por aí, ponho minha mão no fogo para confirmá-lo, ou melhor, não ponho mão em fogo algum, por que deveria eu destruir um instrumento de trabalho para comprovar o que a própria vida se encarrega de comprovar?
Este é um período em que as inevitabilidades estão em alta, fica para você o ônus de analisar a parte que lhe toca experimentar e as tortuosas razões que tiram o acaso da cena e colocam o inevitável destino no lugar do protagonista da história.
Próximo boletim será publicado às 11h30 de 15/7/12