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Por Oscar Quiroga
Atualização:

Às 15h01, horário de Brasília, de sábado 12-10-13 a Lua quarto crescente ingressou em Aquário e está em sextil com Vênus e Urano, e quadratura com Saturno e Mercúrio até 17h57 de domingo 13-10-13, horário de verão de Brasília.

 Foto: Estadão

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Um dia percebeste com clareza lancinante a complexidade da vida e te assustaste, a criança que eras se escondeu e a perdeste de vista, te transformaste num adulto que se esqueceu onde está essa criança assustada que ainda és, mas não sabes onde encontrá-la para abraçá-la e lhe afirmares que está tudo bem, que a complexidade da vida assusta de início, mas que não é perigosa para quem nunca abandona a capacidade de brincar, de se proteger na inocência de não pretender saber tudo a respeito disso que chamaste de complexidade, mas que é mistério.

Mistério não agride, mistério te protege, mistério é a essência desse elã que sustenta tua experiência de ser.

Todo dia hás de buscar essa criança assustada que se perdeu em teu interior, todo dia hás de lhe brindar com alguma brincadeira, por menor que seja, para que o susto passe e tornes a ser quem és, uma criança alegre e extasiada com o mistério que é a vida.

Venera, por isso, as crianças que ainda não têm obrigação de ser adultas, prolonga a infância delas em vez de encurtá-la; encurtar a infância é um vício da modernidade, de pais que querem ser mais independentes do que pais, e por isso, assustados como são com a complexidade da vida, acham que encurtando a infância de suas crianças lhes fazem bem e as protegem. É um erro, o mundo se tornou mais perigoso e violento porque a infância foi encurtada, porque os anos de brincadeira foram resumidos a poucos, muito poucos, poucos demais.

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Falta infância, falta venerar a infância como o sacramento fundamental sobre o qual o mundo adulto há de repousar.

Infância não é para aprender línguas estrangeiras nem o mundaréu de obrigações que conduziriam a um futuro feliz e próspero. A felicidade e prosperidade dependem de uma infância nutrida material e espiritualmente.

Venerar a infância é o mundo adulto se ocupar de cuidar das crianças esquecidas, porque não importam, com o mesmo carinho e atenção com que trata seus animais domésticos.

Encurtar a infância é um abuso socialmente correto, todo mundo está convencido de isso ser o melhor a fazer, porém, todo abuso é péssimo, incita à violência.

Não há solução imediata para o mundo violento em que existimos, só a longo prazo, começando aqui e agora com o mundo adulto venerando a infância, a protegendo e estimulando a se prolongar o quanto quiser.

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Se todos os adultos brincassem despreocupados uma vez ao dia, o mundo seria muito diferente, muito melhor.

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