Estranha liberdade

 

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Por Oscar Quiroga
Atualização:

Às 8h44 de quinta-feira 9-10-14 a Lua que começou a minguar ingressou em Touro e está em oposição a Mercúrio, sextil com Netuno, trígono com Plutão, quadratura com Júpiter e oposição a Saturno até 21h49 de sexta-feira 10-10-14, horário de Brasília. No mesmo período, Mercúrio que retrograda reingressa em Libra, Sol e Júpiter em sextil.

 Foto: Estadão

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O determinismo, apesar de violentar o aspecto que nos torna humanos, que é a liberdade de escolher, é buscado incessantemente por ti, para alívio e conforto.

É deveras confortante imaginar que não haja que resolver dilemas nem fazer escolhas, mas apenas abandonar-se ao destino, que te carregaria sumariamente ao objetivo inerente.

Porém, não é assim que as coisas funcionam, apesar de teu esforço de encontrares argumentos para abandonar-te a essa onda.

Acontece que na cola de nossos anseios de alívio e conforto há a lassidão de nossas almas, que pretendem abandonar a luta inerente à liberdade, que é a de constantemente ampliar a margem de manobra, mesmo que isso signifique, na prática, ter de assumir mais e mais dilemas.

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É um paradoxo constante, pois no processo dessa ampliação acontece algo estranho, para essa ampliação de margem de manobra acontecer temos de aplicar seu oposto, a inibição.

Sim, porque em todo processo de escolha inibimos certas opções para ressaltar outras. Não é de admirar-se, portanto, que dentre as funções executivas do cérebro, ou seja, as mais elevadas de todas, aquelas que mais nos diferenciam do mundo animal, se encontre a inibição.

Por que seria isso? Porque diante de várias opções teríamos de inibir as, talvez, mais fortes e impulsivas para destacar as que se ajustem melhor a uma visão abstrata a ser conquistada a longo prazo.

Assim chegamos ao assunto crucial, a liberdade traz em seu ventre um paradoxo, o de inibir para ampliar. Toma o exemplo da raiva, que te dá vontade de matar, mas aí pensas e logo a seguir inibes a raiva, a dominas e transfiguras em algo que não vai te causar problemas e, não apenas isso, que também pode contribuir para que Tu, com inteligência e astúcia, convertas essa raiva numa estrutura de armadilhas que te sirva de vingança melhor do que o assassinato.

O paradoxo, contudo, não se limita a isso.

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A ideia de sermos livres porque escolhemos, por exemplo, entre candidatos à presidência ou a forma de manifestar nossa sexualidade é apenas aparente, porque por trás dessas escolhas há o apego, que é nada mais e nada menos do que o fruto da cobiça.

Achamos que somos livres para escolher, mas não nos passa pela mente que enquanto nos apegarmos ao fruto de nossos atos ou ao desejo de sermos recompensados pelo que fazemos ou ao anseio de ser amados, reduzimos assim drasticamente a margem de manobra que supostamente a liberdade nos daria, e acabamos assim confinados no labirinto que nossas próprias almas inventam.

A pergunta, afinal, nunca deve ser se somos ou não livres, mas que tipo de uso fazemos de nossa liberdade.

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