Beleza é fundamental, e não há razão para pedir perdão por esta afirmação, não há culpa nenhuma envolvida nela, pois mesmo a aparente feiura tem seu lugar no infinito Universo e compõe a harmoniosa melodia das órbitas estelares.
Confundir a beleza fundamental com as curvas bem torneadas de um corpo ou o viço de uma pele saudável seria o mesmo que confundir cosmética com estética.
Não é a aparência que garante lugar na beleza essencial, mas compor a presença da forma mais harmoniosa possível com as circunstâncias em que existimos.
Enquanto isso, persistir no desejo de a aparência nossa ser sedutora, atraente, irresistível e plena de sex appeal é apenas participar da brincadeira cósmica, desde que, evidente, acompanhada de nutrição filosófica, boa vontade para sermos pessoas melhores e prestar serviço aos nossos semelhantes.
Porém, quando a cosmética se torna o único objetivo existencial, nos tornamos pessoas vazias, bonitas e atraentes, mas vazias e o vazio cobrará o tributo nos enredando em relacionamentos narcisistas, onde a beleza essencial da reciprocidade brilhará pela ausência. Ainda mais, o tempo é implacável com a cosmética, fazendo-a decair e resultar no oposto pretendido.
O mesmo tempo, contudo, faz o contrário com a estética, a melhora, assenta, preserva e torna mais serena.