A tentação é explodir e mandar tudo ao inferno, porque pelo visto o mundo e as pessoas não dão sinais de que vão fazer algo realmente firme e positivo para as coisas caminharem pelo terreno da retidão.
A tentação é chutar o pau da barraca, manifestando expressivamente o enfado de forma destrutiva, julgando e condenando a realidade simultaneamente.
Afortunadamente, nenhum de nós possui tanto poder, e mesmo aqueles que se encontram próximos de tanto poder não poderiam fazer isso, dada a intrincada trama de compromissos em que se encontram amarrados.
E é justamente por todos estarmos de uma ou de outra forma presos numa trama muito bem amarrada de promessas, compromissos, deveres e muitas outras coisas, que não explodimos nem chutamos o pau da barraca, pois mesmo quando o fazemos, não o fazemos com a intensidade definitiva, não usamos todas nossas armas, pois sabemos que no futuro colocaremos o rabo entre as pernas e retornaremos a nossa vida normal.
Covardia? Sabedoria? Assim como não temos o poder de julgar a realidade tampouco temos a capacidade de saber, imediatamente, o alcance de nossos erros e acertos.
Melhor acalmar-se, isso sim! E com o coração mais afável perdoar a própria condição, o que seria um bom início para, também, julgar com menos severidade o mundo em que estamos inseridos.
Assim, de perdão em perdão, de afabilidade em cordialidade, quem sabe conseguiremos, finalmente, criar uma onda de mudança mais eficiente do que a da mera destruição, pois a história comprova que no início a destruição parece boa e eficiente, mas que em pouco tempo acaba repetindo a mesma cena de sempre; a de os revolucionários de ontem se transformarem nos opressores de hoje.