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Arte, aqui e agora

Trabalhar!

Por Sheila Leirner
Atualização:

Li em algum lugar esta confissão de Alfred de Musset (1810-1857), poeta e dramaturgo que é meu vizinho de bairro, no cemitério de Père Lachaise: "Depois de toda uma vida de prazeres, depravação e divertimento, terminei por compreender que a única coisa que consola de verdade, é o trabalho."

Alfred de Musset, Souvenir. Aquarela de Eugène Lami para "Souvenir", poema de Alfred de Musset (Musée national des châteaux de Malmaison et de Bois-Préau, Rueil-Malmaison). Foto: Jeanbor © Archives Larbor

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Não que eu queira bancar a moralista de plantão nas comemorações de ano novo, citando a reconversão de Musset que, entre muitas namoradas, teve um caso sério com George Sand. Nada disso! Por mim, ele poderia perfeitamente ter continuado na gandaia até se mudar para o Père Lachaise. O que, aliás, infelizmente, este romântico fez cedo demais por causa de depressão, álcool e tuberculose.

Só a ocupação manual ou intelectual consola

Cito este escritor, pois também acredito, como ele, que a preguiça é uma praga desperdiçadora de talentos e que, realmente, só a ocupação manual ou intelectual consola. O trabalho, não importa de que tipo for, é a única coisa que nos distancia de nós mesmos, no melhor sentido. Ou seja, nos afasta do egocentrismo e do poço de tristeza e melancolia que é pensar demais em si próprio.

Quando trabalhamos - além de nos respeitarmos e auto valorizarmos - nos interessamos pela vida, pelos outros e pela reflexão. É sobretudo por isso que considero o desemprego uma tragédia. E o ócio, uma "ferrugem" da alma que, como dizia o grande Victor Hugo, "nos consome mais do que o esforço".

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Todo mundo se pergunta o que é "viver bem". Para mim, viver bem é - onde quer que se esteja e seja qual for a nossa idade - simplesmente, trabalhar.

Alfred de Musset escreveu 63 volumes, entre romances, novelas, contos, peças de teatro, poemas e cartas.  

 

Túmulo de Alfred de Musset, no Cemitério de Père Lachaise.  

 

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