Na matéria, o agora célebre primeiro colocado da nauseante lista de 100 personalidades mais influentes no mundo da arte contemporânea (onde a "cotação" de pessoas fica em "alta" e "baixa", sem que se saiba muito bem quais são os critérios), é transformado em garoto-propaganda glamour de marcas de luxo. Como o preconceito não orienta o meu julgamento, apenas nunca acreditei em listas e, em princípio, não tenho nada contra marcas de luxo, só aponto o que está ligado à dissolução, despropósito e obscenidade do mundo pseudocultural, irremediavelmente "peoplelizado"*, e que grande parte das pessoas toma como "representante legítimo" dos valores da cultura.
Pássaro? Avião? Não! Apenas Hans Ulrich Obrist (1968), HUO para os íntimos, curador que conheci nos anos 1990 quando ele sobrevoava Paris e aterrissava de tempos em tempos no Museu de Arte Moderna, fazendo pequenos estágios e realizando "encomendas" no departamento ARC (animation, recherche, confrontation) sob as asas de Suzanne Pagé, hoje diretora artística da Fundação Louis Vuitton.
Até a próxima que agora é hoje e, para mim, a sensação de ver, desta maneira, pessoas "de espírito" que lidam com os "valores elevados da cultura, arte e humanismo", seria um pouco como descobrir que a batina do Papa Francisco é Giorgio Armani, os sapatos vermelhos dele são Nike Air Jordan, o solidéu é Polo Ralph Lauren, o anel do pescador é Van Cleef & Arpels, a estola é Burberry, o cíngulo é Hermès e a cruz peitoral é Cartier. Tudo isso, vestido por quem escolheu o nome de um santo que fez voto de pobreza. Estranha sensação...
*Peoplelizado - neologismo anglicista que significa tornar-se "people", celebridade ou personagem público que atira sobre si a atenção de mídia e público fúteis e superficiais.
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