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Arte, aqui e agora

Tim Cook, de gafe em gafe

No mês passado, a Startup Fest Europe foi inaugurada com a presença de Tim Cook, CEO da Apple, no coração histórico de Amsterdã. Antes da recepção, ele aceitou o convite da famosa política e empresária neerlandesa Neelie Kroes para visitar o Rijksmuseum. Sabia que, depois, não poderia mais fazer turismo, tendo que ficar fechado nesse festival europeu de eventos, criado para ajudar as startups a crescerem mais rapidamente, e onde só havia fundadores,  investidores, dirigentes e especialistas em informática.

Por Sheila Leirner
Atualização:

Quando chegaram ao setor dedicado à pintura barroca e aos pintores da Escola holandesa do século 17, e Kroes se afastou um pouco para olhar uma tela que a interessava, Cook passou os quadros em revista rapidamente, sem se deter, até que algo lhe chamou a atenção. Tirou e colocou os óculos, pelo menos três vezes. Pensou que estava tendo alucinações. Mas quando viu que o que via era realmente aquilo que pensava que via, correu para junto de Neelie Kroes e disse:

- Venha! Encontrei uma pintura com um iPhone!

Pegou no braço da senhora, levou-a até a tela e mostrou:

- "Olhe! É um Rembrandt e tem uma pessoa segurando um iPhone..."  

Neelie Kroes ficou boquiaberta, quase deixou cair a bolsa Hermès. Ele arrematou:

- Sempre pensei que sabia quando o iPhone foi inventado, mas agora não estou tão certo.

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Dito isto, Cook sacou o seu enorme iPhone 6s do paletó (nunca tinha conseguido enfiar aquele "iPad telefônico" no bolso da calça), tirou uma foto da tela e acabou levando bronca do segurança do museu.

Do tipo que vê Apple até em copo d'água...

Quando voltaram ao festival, ela estava cansada e ele muito contente pensando que já tinha um assunto excepcional para a apresentação inaugural. Clicou na florzinha colorida do ícone "Fotos" no seu iPhone, depois em "selecionar", clicou no envelope com a flecha, e por último em "AirDrop". A foto foi direto para o seu MacBook dourado, onde estava o programa KeyNote da apresentação.

O público aguardava ansioso, e ele começou. Repetiu a mesma história de seu encontro com Rembrandt, disse que "estava chocado com a descoberta de que o iPhone foi inventado há 350 anos", floreou um pouquinho e projetou a imagem do quadro no telão, enquanto todos certamente desconfiavam que ele devia ser do tipo que vê produtos Apple até em copo d'água, um "applessivo" (palavra que acabo de inventar e quer dizer "obsessivo de Apple").

Silêncio embaraçoso no auditório. A foto estava tão fora de foco que ele mesmo teve que admitir que não enxergava nada. E depois, para piorar, apareceu um engraçadinho da chamada geração Y perguntando, claro, "se Rembrandt era impressionista".

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Na verdade, o diretor executivo da Apple tinha conseguido repetir o mesmo feito da famosa foto desfocada que ele, por infelicidade, tuitou durante um jogo de futebol, dizendo que era do iPhone. Não tinha do que se orgulhar...

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Se fosse só falta de talento, tudo bem. Ninguém tem obrigação de ser um Cartier-Bresson do iPhone. O fato é que um dos participantes do festival, já em casa, resolveu procurar o tal do quadro de Rembrandt no site do Rijksmuseum. Depois de olhar 2 mil e 304 Rembrandts em 192 páginas, segundo ele, resolveu usar a procura pelo Google Images e então descobriu que:

O quadro, pintado em 1670, chama-se Homem Trazendo uma Carta a uma Mulher no Hall de Entrada de uma Casa (Não deixe de clicar!) sendo que o "iPhone" visto por Tim Cook nada mais é do que um simples envelope do século 17, quando o correio nem existia. E a tela citada, ô vergonha!, não é de Rembrandt, mas de Pieter de Hooch, artista bem mais jovem, contemporâneo de Vermeer.

Assim como assim, de gafe em gafe, fica-se gafento.

Até a próxima, que agora é hoje e novo post só na quinta-feira ou em edição extraordinária!

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